Artes/cultura
01/04/2021 às 05:30•2 min de leitura
Uma discussão atual que está rolando nas mídias sociais tem chamado a atenção de professores, linguistas e estudiosos da Língua Portuguesa: é o uso da chamada linguagem neutra que vem sendo utilizada por muita gente com o objetivo de incluir no discurso pessoas trans não binárias, intersexo e todas que não se identificam com os gêneros feminino e masculino.
A ideia é criar na linguagem um gênero neutro, que dê conta de se referir a coletivos ou a pessoas que não se encaixem no binarismo. Isso geralmente é feito usando o “E” como alternativa ao “A” e ao “O” característicos dos gêneros feminino e masculino. Em um vídeo educativo, publicado em seu Instagram em setembro do ano passado, Rosa Laura, ativista da causa trans, dá vários exemplos da linguagem neutra na prática.
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Dessa forma, os pronomes possessivos também teriam que concordar nominalmente. Como na frase “Você é mi namorade”. Outros propõem “minhe”, como visto em “Ariel é minhe amigue”. Pronomes pessoais do caso reto como “ele, ela, eles, elas” assumiriam uma forma única, como: “Elus adoram estudar”.
A polêmica já chegou até aos acadêmicos de linguística que questionam a dificuldade em implantar o novo sistema nos processos de aprendizagem e alfabetização. Muita gente também se pergunta se alterar a língua portuguesa somente para incluir uma parcela que não se sente confortável em se associar ao masculino ou ao feminino não seria uma tremenda bobagem.
Fonte: iStock/Reprodução
Falando à plataforma Tab do portal UOL, a apresentadora do podcast "Linguística Vulgar", Monique Amaral de Freitas, afirma que esse debate está longe de ser irrelevante. Para ela, "a relação entre língua e sociedade não é de mão única. As coisas que dizemos são, por elas mesmas, ações no mundo, elas têm consequências".
Criador de conteúdo LGBTQI+ e graduado em Letras, Jonas Maria, destaca na plataforma que a mudança proposta não é apenas uma mudança gramatical, mas uma mudança de perspectiva. Trata-se de "tornar visível uma parcela da sociedade que é sempre posta à margem, que são as pessoas transgêneras".
Porém, é importante destacar que a linguagem neutra ainda é uma proposta que não faz parte da chamada norma culta da língua portuguesa. Portanto, não pode ser utilizada em certames públicos, como o Enem por exemplo.