Zumbi dos Palmares: a fascinante vida do líder quilombola

10/03/2022 às 08:002 min de leitura

Zumbi dos Palmares (1655-1695) foi um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior do período em que o Brasil foi colônia portuguesa. Ele não foi apenas o último, mas também o principal líder e um dos maiores — senão o maior — nome da história da resistência negra à escravidão na era colonial.

Por essa razão, tornou-se um símbolo da luta antirracista no Brasil de hoje. Nascido livre na capitania de Pernambuco, acabou sendo escravizado quando tinha 6 anos.

Com a Lei n. 12.519/2011, seu nome virou sinônimo de resistência para marcar a luta pelos direitos do povo negro contra a injustiça racial.

Quem foi Zumbi dos Palmares?

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Infelizmente, sabe-se pouquíssimo a respeito da vida de Zumbi, pois os relatos de sua existência são escassos e as fontes com informações sobre ele têm muitas lacunas ou apenas conteúdo superficial — especialmente sobre sua vida pessoal.

Entre historiadores, existe um consenso de que Zumbi foi o maior representante do Quilombo dos Palmares, atuando na resistência negra contra à escravidão no período colonial, o que ajudou a criar a imagem coletiva dele como um grande líder.

No livro Palmares — A Guerra dos Escravos, o autor Décio Freitas afirma que o prócer nasceu livre, mas foi capturado e entregue a um padre, responsável por educá-lo e batizá-lo como Francisco. A obra é controversa entre pesquisadores e mostra como ainda sabemos pouco sobre a vida do grande líder negro.

Em uma carta de D. Pedro II (1825-1891) conferindo perdão real a Zumbi dos Palmares, há a informação de que o líder seria casado e teria filhos, mas não há comprovação histórica desses dados.

A história de liderança de Zumbi

(Fonte: Acervo Aventuras na História)(Fonte: Acervo Aventuras na História)

Zumbi dos Palmares chegou à liderança sucedendo Ganga Zumba (1630-1678), em um episódio considerado a maior polêmica de sua vida. Ele enfrentou Zumba, que havia aceitado uma oferta de paz das autoridades, garantindo liberdade aos nascidos em Palmares e o retorno dos escravos fugidos.

Zumbi rechaçou essa possibilidade e tomou o poder do mocambo quando tinha 23 anos. Com a recusa da oferta de paz das autoridades coloniais, ele conduziu a resistência nos anos seguintes conseguindo, principalmente, manter a unidade entre cerca de 20 mil homens e mulheres que lá viviam.

Entre 1692 e 1694, aconteceram várias lutas comandadas pelo líder negro contra o bandeirante Domingos Jorge Velho (1641-1705), cuja expedição patrocinada pelas autoridades coloniais desejava colocar fim à comunidade quilombola. Até a capitulação de Palmares, Zumbi conduziu e liderou o agrupamento por 17 anos.

Celebração da luta negra

(Fonte: Reprodução/Senado Federal)(Fonte: Reprodução/Senado Federal)

Contando com muitos homens e até mesmo canhões, a tropa comandada por Domingos Jorge Velho encontrou resistência na tomada de Palmares, mas a história de Zumbi estava a caminho do fim.

Em 1694 o mocambo cedeu, com as tropas portuguesas instalando-se na região para impedir que o quilombo ressurgisse. Fugindo por quase 1 ano, Zumbi dos Palmares foi emboscado e morto em 20 de novembro de 1695.

Como um aviso aos demais negros escravizados, os restos mortais do líder quilombola foram expostos para que servissem de exemplo a quem tentasse agir contra a Coroa portuguesa. O que talvez não fosse esperado é que o nome dele ecoou e ecoa até hoje na história como símbolo de resistência da luta antirracista e por justiça racial.

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