Artes/cultura
14/03/2022 às 02:00•3 min de leitura
Em 11 de setembro de 2001, cerca de 3 mil pessoas morreram durante o ataque ao World Trade Center, em Nova York, e no voo 93 da United, lançado contra o Pentágono. O atentado configurou um dos piores ataques terroristas da História, responsável por mudar o mundo sociopoliticamente.
Visto que muitos historiadores e cientistas políticos determinam que o mundo ainda vive à eterna sombra criada pelos ataques, sem conseguir se recuperar apesar de 21 anos terem se passado, as repercussões de curto e longo prazo prevalecem — e muita coisa perturbadora surgiu disso.
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(Fonte: Samuel Corum/Anadolu Agengy/Getty Images)
Em um país marcado pelo racismo estrutural, era de se esperar que a sociedade americana fosse reagir a um atentado manifestando um de seus piores defeitos: a disseminação de ódio. Assim que Osama Bin Laden, fundador do grupo terrorista islâmico Al-Qaeda, foi identificado como o principal arquiteto por trás da atrocidade, os cidadãos americanos começaram a derramar sua onda de indignação sobre os muçulmanos e descendentes que moravam no país.
De acordo com dados gerados pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) compilados pelo The World, poucos dias após o atentado, houve um aumento exponencial de violência e intolerância contra essa minoria.
(Fonte: Reuters)
"Eu tinha medo de sair. Se eu fosse para as ruas, não poderia cometer erros, exceto talvez com minhas palavras, que eu policiava com cuidado. Não podia correr, não podia assustar ninguém, tampouco quebrar alguma lei, por mais banal que fosse", disse a escritora muçulmana Shawna Ayoub Ainslie, em entrevista ao HuffPost.
Os números de incidentes de crimes de ódio antimuçulmanos saltaram naquele ano de 28 para 481. As taxas até caíram nos anos seguintes, porém nunca mais como antes dos ataques. Além disso, só em 2001, os crimes contra muçulmanos se tornaram o segundo mais relatado no ranking de preconceito religioso, perdendo apenas para o antissemitismo.
(Fonte: Marion S. Trikosko/Library of Congress)
Não foi apenas a sociedade que reagiu contra a ameaça muçulmana, o governo americano seguiu o mesmo rastro, endurecendo ainda mais o sentimento anti-imigrante que ganhava espaço crescente no discurso político dos EUA.
Como resposta e meio de proteger sua nação americana, foi criado o Departamento de Segurança Interna em conjunto com o Órgão de Fiscalização de Imigração e Alfândega, para os quais foram atribuídos poderes abrangentes para permitir a deportação de imigrantes documentados e indocumentados. A campanha foi disseminada como algo para descobrir espiões infiltrados, mas só serviu para coibir os cidadãos imigrantes que não tinham culpa de suas origens.
(Fonte: Sara K. Schwittek/Reuters)
Como apontou a Transactional Records Access Clearing House, os casos de deportação aumentaram de 1,6 milhão antes do 11 de setembro para 2,3 milhões. Absolutamente tudo se tornou um motivo para deportar alguém, até mesmo uma multa de trânsito que, por vezes, era escrita com má intenção devido ao ódio gratuito.
Essa reforma foi ótima para empresas privadas operadoras de centros de imigração, que lucraram tubos de dinheiro processando quase metade dos imigrantes detidos pelos EUA.
(Fonte: Sue Edelman/New York Post)
Em 2014, foi aberto o Memorial e Museu Nacional do 11 de Setembro visando ser um "monumento à dignidade humana, coragem e sacrifício", mas a loja de souvenirs para comercializar a tragédia através de moletons, crachás, canecas e garrafas foi considerada ofensiva. "Para mim, é a coisa mais grosseira e insensível ter um empreendimento comercial no local onde meu filho morreu", disse a mãe Diane Horning, em uma matéria do The New York Post.
Mas o museu não foi o único que quis capitalizar com os eventos monstruosos do 11 de setembro. Existe um imenso mercado online para compradores e vendedores que estão prontos para negociar relíquias autênticas resgatadas dos escombros das Torres Gêmeas, como uniformes e equipamentos.