Artes/cultura
16/05/2022 às 08:00•2 min de leitura
Quando Cristóvão Colombo partiu da Espanha, em 3 de agosto de 1492, na sua primeira viagem de expedição marítima, ele mal fazia ideia dos problemas que enfrentaria ao longo do caminho. Durante sua primeira parada, em 12 de outubro, ele encontrou terra desembarcando em San Salvador, uma ilha nas Bahamas a nordeste de Cuba.
Em sua segunda viagem, Colombo teve que lidar com um furacão que quase matou todos a bordo e destruiu suas embarcações, além de contaminação por malária e perseguição canibal. Já na terceira, de 1498 a 1500, ele enfrentou rebelião e foi preso. Mas na quarta e última viagem, quando supôs que já havia se deparado com tudo, o momento em que sua vida mais ficou por um fio, chegou.
Em 11 de maio de 1502, Colombo e sua comitiva de quatro navios partiram de Cádiz, na Espanha, e, no meio da viagem, perderam duas embarcações devido a uma grande tempestade na costa de Cuba.
(Fonte: Look and Learn/Elgar Collection/Reprodução)
Com muito custo, em junho de 1503, Colombo entrou no que hoje é a Baía de St. Ann, na Jamaica, e foi recebido pelos povos nativos Arawak, que o acolheram após o naufrágio e forneceram comida e abrigo.
A princípio, os nativos foram nada menos do que hospitaleiros e entusiasmados com a presença dos estrangeiros, porém, quando os dias se transformaram em semanas e as semanas em 6 meses, as tensões entre ambos os povos chegaram a ponto de ruptura.
Assim que os Arawaks se cansaram de alimentá-los com seus suprimentos em troca de bugigangas, como sinos e pequenos apitos, o resultado foi que metade da tripulação de Colombo se amotinou contra os nativos, roubando o que puderam e assassinando quem viram pela frente.
Após isso, Colombo e sua tripulação foram acuados pelo levante de nativos, ficando sem abrigo e, principalmente, o que comer. Diante da iminente morte, tanto pela fome quanto pelas lanças dos Arawaks, Colombo teve uma ideia ousada, porém perfeita para tentar fazer as pazes com os nativos.
(Fonte: World History Archive/Alamy)
Ele encontrou um almanaque astronômico criado pelo influente matemático Johannes Muller von Konigsberg, conhecido pelo pseudônimo Regiomontanus, falecido em 1476. O livro era uma compilação de tabelas astronômicas que cobriam os anos de 1475 a 1506, com informações detalhes sobre o Sol, a Lua, os planetas, as estrelas e constelações mais importantes para navegação. Basicamente, era um guia fundamental para qualquer marinheiro, e todos tinham um, inclusive Colombo.
Foi a partir do almanaque que ele descobriu que, em 29 de fevereiro de 1504, na quinta-feira daquela semana, haveria um eclipse lunar total. Munido dessa informação, três dias antes de a lua sumir do céu, Colombo se reuniu com o chefe Arawak e o informou que seu deus cristão estava muito zangado com o que seu povo estava fazendo com eles. E como resposta ao seu descontentamento, ele destruiria a lua cheia nascente, deixando-a vermelha de pura ira, um presságio de tudo o que os nativos receberiam.
(Fonte: British Library/Fine Art America/Reprodução)
Três dias depois, quando aconteceu exatamente o que Colombo disse, os Arawaks entraram em desespero, correndo até o navio do homem para implorar que ele intercedesse.
Dissimulado, Colombo teria se ajoelhado para entrar em contato com seu deus por oração, a fim de apaziguar sua ira, enquanto os Arawaks aguardaram ansiosos ao seu lado. O navegador usou sua ampulheta para cronometrar o tempo do eclipse, emergindo com os nativos apenas com o fenômeno havia acabado para poder falar que seu deus havia se acalmado.
Desse momento em diante, os nativos trataram Colombo e seus homens como reis, enchendo seus pratos com comida e dando toda mordomia sem esperar nada em troca. E assim foi até que uma caravela de resgate chegasse para levá-los de volta à Espanha.