Por que não nos lembramos do nascimento e da primeira infância?

24/07/2022 às 08:002 min de leitura

Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre amnésia infantil. Mas, provavelmente, já deve ter se perguntando porque você (ou seu filho) não consegue se lembrar de coisas marcantes de quando era criança como, por exemplo, os primeiros passos, as primeiras palavras, do que tinha medo ou a festinha de aniversário de um ano de vida.

O fenômeno de não termos memória da primeira infância é o que a ciência chama de amnésia infantil, ou seja, a perda gradual e natural das memórias obtidas nos primeiros anos de vida.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Por que perdermos nossas memórias?

Para estudiosos da psicologia, a amnésia infantil constitui uma parte importante e normal do desenvolvimento do cérebro, em que aquelas memórias que não são reforçadas ou repetidas se perdem com o tempo.

Quando consideramos a memória, geralmente a ligamos a capacidade humana de recordar experiências vividas. Essas experiências pontuais são chamadas memórias episódicas e tem relação com o hipocampo, uma parte de nosso cérebro situada no lobo temporal.

A questão é que a área do hipocampo não está desenvolvida por completo no nascimento. Já faz algum tempo que a neurociência sabe que o hipocampo se forma, ou melhor, se desenvolve por volta dos 4 anos, período em que as crianças tendem a se lembrar de coisas de forma mais consistente.  Isso pode ajudar a entender porque não lembramos de quase nada de nossos primeiros anos de vida.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

O papel da linguagem

Pesquisas feitas nos últimos tempos também demonstraram que a linguagem tem um papel importante no nosso processo de formação de memórias. Entre um e seis anos, na chamada primeira infância, saímos do estágio de pronunciar apenas uma palavra para o patamar de nos tornamos fluentes em nossa língua nativa.

Sendo assim, quanto mais velha a criança fica, melhor ela vai se lembrar de suas experiências, já que as mudanças em sua habilidade verbal são significativas e se sobrepõem ao período de amnésia infantil (antes dos 4 anos).

Em 2005, uma equipe de pesquisadores conduziu um trabalho, publicado posteriormente no American Psychological Association, tentando elucidar alguns aspectos entre a linguagem e a memória infantil.

Eles entrevistaram crianças que sofreram alguma lesão típica da infância, como um machucado no joelho. Segundo os dados levantados, aquelas com cerca de 3 anos que conseguiam verbalizar sobre o ocorrido na época em que ele aconteceu, conseguiam se lembrar do evento até cinco anos depois.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Já aquelas com menos de 3 anos que não conseguiam verbalizar sobre o incidente, não se lembravam de nada ou de muito pouca coisa. Ou seja, existe a possibilidade de perdermos nossas memórias infantis porque não conseguimos traduzi-las em palavras.

Mesmo assim, as experiências são importantes

A doutora Rachael Elward, especialista em neurociência cognitiva da memória e amnésia infantil, afirma que ela não deve ser motivo para os pais não criarem memórias com seus filhos pequenos. Segundo a especialista, mesmo que não se lembrem mais tarde, as experiências ajudam as crianças a aprender mais sobre o mundo. 

Por exemplo, embora uma criança não se recorde de uma visita específica a um zoológico, ela ter ido pode ajudar com que se lembre dos nomes dos animais ou do que é um zoológico. Além disso, existe o aspecto fundamental da criação de laços entre os pais os filhos pequeninos e do aprendizado sobre as interações sociais.

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