Ciência
10/08/2022 às 06:30•2 min de leitura
Os astecas, povo mesoamericano herdeiro dos mexicas, se estabeleceram da região do Vale do México por volta do século XIV. Fundaram a famosa cidade de Tenochtitlán e expandiram seu poder. O Império Asteca dominou extensas regiões do México atual, controlando, em seu auge, cerca de 11 milhões de pessoas.
No entanto, embora poderosos e amantes da guerra, eles não conseguiram dominar os purépechas: o único grupo indígena no México que os astecas não conquistaram.
As ruínas de Teotihuacán. (Fonte: Gettyimages)
O reino purépecha foi fundado no início do século XIV. Seu território cobria aproximadamente uma área geográfica correspondente ao atual estado mexicano de Michoacán, abrangendo também regiões de Jalisco, Guerrero e Guanajuato.
Foram contemporâneos e inimigos do Império Asteca. Por isso, ocorreram grandes batalhas entre os dois reinos na primeira metade do século XV, mas os astecas nunca obtiveram sucesso sobre os purépechas. As investidas eram sempre paradas graças a excelentes planos estratégicos e alianças.
Por exemplo, do lado leste, o reino purépecha se aliou a outro grupo indígena, os Matlatzincas, exatamente para lutarem contra os astecas (ou mexicas, como também são chamados).
Reino Purépecha no destaque verde. (Fonte: Maunus/ Wikipedia/ Reprodução)
O Império Purépecha também bloqueou a expansão asteca para o noroeste. Para isso, fortificaram e patrulharam suas fronteiras para que os invasores não chegassem perto. Para alguns pesquisadores, essa maneira de defender e lidar com o território faz dos purépechas o primeiro povo a criar um estado verdadeiramente territorial na Mesoamérica.
Tal como os astecas, os purépechas também veriam o declínio de seu império acontecer pelas mãos dos espanhóis liderados por Hernán Cortés. Quando ouviu que o Império Asteca havia caído, o rei dos purépechas, Tarascan Caconzi Tangáxuan II, tratou de enviar emissários aos vencedores. Alguns representantes espanhóis voltaram com eles para a cidade de Tzintzuntzan, onde conheceram o governante e trocaram presentes.
Ruinas de las yácatas de Tzintzuntzan. (Fonte: Thelmadatter/ Wikipedia/ Reprodução)
Quando os espanhóis retornaram com amostras de ouro, o interesse de Cortés no reino dos purépechas foi despertado. Aliás, os espanhóis até mudaram o nome do Império Purépecha para estado Tarascan.
Em 1522, Cristóbal de Olid marchou com uma força espanhola, chegando a Tzintzuntzan em alguns dias. O exército de Tarascan contava com milhares de homens — para alguns pesquisadores, esse número poderia atingir 100 mil pessoas. Porém, no momento crítico, optaram por não lutar. O governante dos purépechas, Tangáxuan, decidiu se submeter a administração espanhola.
Isso fez surgir um arranjo estranho entre Tangáxuan e Cortés, onde ambos se consideravam governantes pelos anos que se seguiram. A população, inclusive, prestava homenagens para os dois. Contudo, lideranças espanholas descobriram que Tangáxuan ainda era mantido como o governante de fato do império, fornecendo apenas uma pequena parte dos recursos extraídos do povo.
Para resolver a questão, enviaram o implacável conquistador Nuño Beltrán de Guzmán. Guzmán se aliou a um nobre Tarascan e executou Tangáxuan. A partir daí, aquilo que antes era o Império Purépecha passou a viver um período de violência e turbulência nas décadas seguintes. Os governantes eram apenas fantoches nas mãos dos espanhóis.
Tela retrando Guzmán invandindo Michoacán. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Em certo momento, o governo espanhol, não satisfeito com o trabalho de Nuño de Guzman, o chamou de volta à Espanha. Em seu lugar, enviou o bispo Vasco de Quiroga para “limpar a área”. Quiroga não demorou em conquistar o respeito e amizade dos nativos e as hostilidades cessaram. Ainda é possível encontrar descendentes dos purépechas na região, embora sua língua original esteja quase morta.