Artes/cultura
14/08/2022 às 06:00•1 min de leitura
Você já deve ter ouvido ou até mesmo usado o termo "advogado do diabo". A expressão geralmente acompanha algum tipo de objeção ou questionamento de determinados argumentos — e não necessariamente tem algo a ver com o demônio. No entanto, historicamente, ser o "advogado do diabo" era um cargo oficial da Igreja Católica.
Mas por que as pessoas a tornaram uma expressão popular? Descubra de onde surgiu e as mudanças culturais desse termo!
A expressão, como era de se esperar, dada a ligação do demônio com o cristianismo, vem de um cargo institucional da Igreja Católica. Acontece que, centenas de anos atrás, a Igreja era descentralizada, ou seja, algumas figuras mais proeminentes na instituição tinham o poder e autonomia para canonizar santos.
A formalização do processo só veio no século XII, quando o poder de canonização foi dado diretamente ao Papa. O cargo "advogado do diabo" veio muitos anos depois, em 1587, quando o Papa Sisto V estabeleceu uma nova posição na igreja.
Pintura de Filippo Bellini retrata o Papa Sisto V, criador do cargo "advocatus diaboli" (Fonte: Wikimedia Commons)
Com a criação do cargo, que em latim era conhecido como "advocatus diaboli", cabia ao escolhido verificar se o candidato a santo era merecedor do título. Ele devia buscar explicações para possíveis milagres e até pôr em cheque a virtude do possível futuro santo. Era um trabalho bem extenso e nada fácil.
A situação mudou novamente quando, em 1983, o Papa João Paulo II fez mudanças em todo o processo de canonização, retornando aos Papas total responsabilidade e poder da canonização de novos santos. No processo, a infame posição acabou se tornando desnecessária e hoje já não existe mais na Igreja Católica. A ideia por trás do cargo, porém, persiste até hoje, dando então origem à famosa expressão "advogado do diabo".