Artes/cultura
20/08/2022 às 08:00•2 min de leitura
Os explosivos arremessados sob as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki fazem parte de um recorte triste da história. No entanto, outras bombas nucleares estão espalhadas por aí, e não estamos falando sobre as que estão em mãos de forças armadas de diferentes países. Tratamos de artefatos que foram perdidas e não há quem seja capaz de encontrá-las.
Um dos casos famosos ocorreu em Palomares, Espanha. Ali, em 1966, quatro bombas termonucleares foram parar no Mediterrâneo. Três foram recuperadas, mas uma nunca foi achada. E ela não é a única na história. Em tempos de tensão bélica entre as nações, ampliada com a Guerra na Ucrânia, fatos como esse não caem bem.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Existe um "nome técnico" para bombas nucleares desaparecidas. Elas são conhecidas pela alcunha de "flechas partidas". Existem pelo menos 32 casos reportados de artefatos perdidos desde a década e 1950. A data coincide com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria.
Destas bombas perdidas, algumas são relatadas como tendo sido lançadas por total engano, ejetadas em casos de grave emergência e recuperadas. Todavia, três delas, todas de origem norte-americana, remanescem perdidas em algum canto do globo terrestre.
Especialistas no tema, porém, alertam que o aparente número baixo de "flechas partidas" não pode servir de comodismo. Isso porque há grande possibilidade de que algumas nações não reportem o desaparecimento de bombas nucleares. Logo, os números de conhecimento público tratam apenas de casos norte-americanos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A Guerra Fria foi um período de acirramento das tensões entre os Estados Unidos e a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A época foi marcada pelas duas nações fortalecendo suas forças armadas, investindo em tecnologia nuclear. É dessa fase, também, o maior número de sumiços de bombas nucleares.
Existem relatos de que a União Soviética, em 1986, possuía cerca de 45 mil armas nucleares, bombas foram perdidas e nunca mais recuperadas. Contudo, como a história nuclear da URSS é obscura, não há dados oficiais sobre isso. De toda maneira, os relatos de incidentes soviéticos são todos envolvendo submarinos, diferente dos casos norte-americanos.
O que também não faltou no período foram caçadores de bombas. O mais excêntrico foi o bilionário Howard Hughes. Ele fingiu estar interessado em mineração em águas profundas para buscar o submarino soviético K-129, que afundou no Oceano Pacífico. A missão foi frustrada para Hughes, já que o submarino foi destruído durante o processo de resgate.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Diferente de aviões que possuem caixas pretas, as bombas nucleares desaparecidas não têm mecanismos para serem encontradas. É preciso ter em mente que estamos falando de artefatos desaparecidos há cerca de 60 anos. Especialistas no tema acreditam que o desaparecimento destes mísseis é um prejuízo permanente, e não apenas financeiro.
É muito pouco provável que as bombas norte-americanas sejam encontradas, especialmente por buscas visuais serem complicadas. Seria possível, quem sabe, uma busca por picos de radiação. O empecilho é que as "flechas perdidas" não são, na verdade, radioativas.
Por essa razão, é comum que armas nucleares como as desaparecidas não sejam consideradas riscos potenciais pelos estragos que podem proporcionar, mas por evidenciar que os sistemas de manuseio e seguranças são frágeis e falhos. Melhor seria, então, não termos estes dispositivos.