Artes/cultura
25/11/2022 às 04:00•2 min de leitura
Você deve ter aprendido nas aulas de História que os egípcios mumificavam seus faraós — entre outras pessoas de cargos importantes — para preservar seus corpos devido a uma crença de que precisariam deles após a morte. No entanto, segundo pesquisadores do Museu da Universidade de Manchester, essa ideia estaria incorreta. Na realidade, as múmias do antigo Egito tinham como objetivo transformar os mortos em divindades.
O uso do sal na preparação das múmias contribuiu para a ideia de preservação do corpo. (Fonte: Shutterstock)
De acordo com o curador do Museu do Egito e do Sudão, Campbell Price, a confusão sobre a finalidade da mumificação começou com pesquisadores vitorianos que encontraram semelhanças entre as múmias e a preservação de peixes.
Na Era Vitoriana, a forma de preservar peixes para o consumo humano era manter a carne deles em sal, então quando egiptólogos desse período perceberam que no preparo das múmias também se usava o cloreto de sódio, concluíram que o objetivo era preservar o corpo.
A substância usada pelos egípcios, entretanto, não era apenas sal, mas sim um mineral conhecido como natrão, a mistura de carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, cloreto de sódio e sulfato de sódio. Esse composto era abundante nos leitos dos lagos da região do Nilo e era usado tanto na mumificação quanto na limpeza de estátuas de deuses dos templos.
Além da confusão envolvendo o sal, o que deu mais força a essa ideia foi que os vitorianos também acreditavam que os mortos precisavam de seus corpos após a morte. Então, pensar que as múmias eram uma forma de preservação do corpo fazia sentido para os egiptólogos dessa Era.
Os sarcófagos enfeitados também são indícios da busca pela divindade. (Fonte: Shutterstock)
Segundo Price, além do natrão, outro material usado nos templos que também estava presente no processo de mumificação é o incenso. Oferecer incenso como presente aos deuses era comum na crença egípcia, por isso ele também era usado nas múmias. A ideia era usar a resina dos incensos no corpo mumificado para torná-lo divino e não para preservá-lo após a morte.
Ainda segundo o pesquisador, a busca pela divindade após a morte também explica por que as múmias eram mantidas em sarcófagos ricamente decorados. Eles seriam uma imagem idealizada da forma divina que aquela múmia iria assumir.