Artes/cultura
01/01/2023 às 09:00•2 min de leitura
No finalzinho dos anos 1950, os Estados Unidos e a União Soviética vinham se enfrentando em batalhas por trás dos panos. Na ocasião, em vez de combates diretos, com soldados se encarando em defesa de seus ideais — ou os de suas respectivas nações —, as duas potências digladiavam no embate conhecido como Guerra Fria.
Na época, ainda que os EUA estivessem à frente da rival no que se referia a armamentos nucleares na primeira metade da década, em 1957 a URSS tomou a dianteira na corrida espacial. Os russos pareciam estar vencendo a disputa e reforçaram ainda mais a sua posição com o lançamento do Sputnik 1, o primeiro satélite enviado para o espaço. Os Estados Unidos precisavam de uma resposta, dando então origem à agência espacial americana e ao Projeto A119.
O primeiro satélite lançado pela NASA foi uma resposta ao Sputnik 1, que deu início à corrida espacial
Tentando diminuir a distância em relação à tecnologia espacial da União Soviética, os norte-americanos começaram também a voltar sua atenção para o espaço. Um baita clima de desconforto surgiu nos EUA, no evento que ficou conhecido como a "Crise do Sputnik", e a resposta do país à alarmante situação foi a criação da National Aeronautics and Space Administration, a famosa NASA.
Foi ali que realmente começou a corrida espacial, com os Estados Unidos finalmente conseguindo lançar seu próprio satélite, o Explorer I. Com sua tecnologia espacial avançando cada vez mais, surgiu então um plano conhecido como "Um Estudo de Voos de Pesquisas Lunares" que, apesar do nome inofensivo, viria a se tratar do insano Projeto A119.
O Projeto A119 planejava explodir bombas nucleares na Lua
Aparentemente insatisfeitos com os recentes objetivos alcançados, os EUA precisavam de toda forma demonstrar ser a maior e mais forte potência mundial. Agora com posse de tecnologia capaz de levar objetos para o espaço, o próximo passo seria uma demonstração de força bruta: e que arma melhor para isso do que uma bomba nuclear?
Entrava em ação um absurdo planejamento voltado à liberação de duas bombas atômicas no espaço, uma no solo Lunar e a outra acima da superfície da Lua, mas bem próximo do nosso satélite natural, com a intenção de testar os efeitos da bomba nuclear na superfície lunar. O projeto ganhou ainda mais força no finalzinho da década, quando jornais começaram a noticiar que a URSS estava se preparando para pôr em prática exatamente o mesmo plano.
Temendo que mais uma vez os russos saíssem na frente, o governo dos EUA resolveu consultar o Dr. Leonard Reiffel, um renomado cientista que já vinha atuando com a NASA, a possibilidade de realmente detonar bombas atômicas na Lua. Segundo Reiffel, o governo queria uma explosão grande o suficiente para ser vista aqui da Terra. Nascia ali o Projeto A119, um documento secreto de 200 páginas que viria a ser assinado por 10 especialistas, entre astrônomos e físicos — incluindo um jovem e promissor Carl Sagan.
Porém, temendo as consequências de uma explosão deste calibre, em 1959 o projeto felizmente foi descontinuado e toda a verba dedicada ao A119 foi redirecionada para outro projeto também bastante ambicioso: levar o homem à Lua. Anos depois, em 1967, um tratado proibindo explosões de bombas nucleares ou quaisquer armas de destruição em massa foi assinado, pondo de vez um fim à absurda ideia de causar explosões nucleares no solo lunar.
Dois anos (e muitas pesquisas) depois, os Estados Unidos faziam história com a tripulação da Apolo 11, o primeiro grupo a pisar na superfície da Lua.