Ciência
28/01/2023 às 08:00•3 min de leitura
O processo de mumificação é uma das características mais famosas do Egito Antigo, e o mais curioso é que não era utilizado apenas em humanos, sendo também aplicado em mais de 70 milhões de animais, que serviam como sacrifícios aos deuses ou companheiros de seus donos na vida após a morte.
O ato era uma verdadeira febre nacional, com grandes fazendas, recursos e mão de obra voltadas apenas a este fim. Pensando nisso, separamos seis espécimes de animais mumificados incríveis cujo estado de preservação surpreendeu os historiadores. Confira abaixo!
(Fonte: Universidade Swansea/Richard Johnston/Reprodução)
Vistas como um dos animais sagrados do deus Amon, por sua habilidade de trocar de pele, as cobras eram consideradas um símbolo de regeneração e renascimento pelos antigos egípcios.
Escavações arqueológicas com escaneamentos 3D de alta tecnologia em Sacará, a necrópole mais importante de Mênfis nessa época, revelaram diversas víboras mumificadas. As imagens também mostraram sérios danos renais por desidratação no momento da morte, que teria ocorrido através do processo de chicoteamento, ou seja, alguém as segurava pela cauda e batia sua cabeça no chão até que fosse esmagada.
As imagens 3D são tão precisas que até a resina inserida dentro das mandíbulas das cobras pode ser identificada, com seu uso provavelmente ligado a manter a boca aberta para que pudessem comer, respirar e falar na vida após a morte.
(Fonte: Museu Britânico/Reprodução)
Os babuínos eram tratados como representantes de Thoth – o deus do conhecimento – aparecendo em jarros funerários designados para órgãos humanos, o que comprova seu grande valor religioso e cultural no Antigo Egito.
Em Sacará, foram encontrados cerca de 400 múmias desses mamíferos dentro das catacumbas, com as investigações arqueológicas apontando que eles teriam sido criados especialmente para serem mumificados ou servirem de sacrifício. Os corpos apresentavam sinais de fraturas, desnutrição, osteomielite e deficiência de vitamina D.
(Fonte: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Reprodução)
Encontradas dentro de sete túmulos nos limites do complexo de pirâmides do rei Userkaf, ao sul do Cairo, em 2018, as múmias de escaravelhos encantaram por seu estado de preservação.
Essa descoberta foi tão impressionante que passou a ser considerada revolucionária pelo Ministério de Antiguidades do Egito, e uma chance tão rara que muitos arqueólogos não teriam alcançado ao longo de suas carreiras.
(Fonte: Instituto Smithsonian/Reprodução)
O culto do touro Apis possui grande valor histórico, por ser a primeira e mais importante veneração realizada pelos antigos egípcios de acordo com achados arqueológicos. O animal era visto como um representante dos deuses Osíris e Ptah, e um símbolo de poder, força e fertilidade.
Ao contrário dos outros bichos, que muitas vezes não contavam com boas condições de tratamento durante sua vida, o touro possuía um santuário distinto, recebendo muitas regalias, inclusive o direito de ter uma morte natural – a menos que chegasse aos 28 anos, quando era então sacrificado.
Após seu falecimento, a nação entrava em luto e se iniciava a mumificação, que mesmo sendo lenta e tediosa, era essencial para a veneração diária. Os touros eram colocados em grandes mesas de embalsamamento, com seus corpos sendo ressecados por sais de natrão e então preenchidos com areia, para depois serem envoltos em várias camadas de pano.
Além disso, o processo também adicionava uma cabeça de cerâmica com olhos sintéticos para que as características fossem preservadas perfeitamente.
(Fonte: The Mediterranean Museum/Reprodução)
Muitos historiadores acreditam que esta gazela mumificada pertenceu à rainha Isetemkheb D, que viveu de 1070 a.C. a 945 a.C. Ela chama a atenção não só por seu estado de preservação impecável, mas também pelo tratamento luxuoso que recebeu em sua preparação para o pós-vida, que poderia ser comparado ao de qualquer outro membro da família real.
Para acompanhar sua dona na vida após a morte, os órgãos do animal foram colocados de volta em seu corpo, que foi então preenchido como uma areia fina e envolto em linho com detalhes azuis, para depois ser colocado em um suntuoso caixão de madeira feito à mão em forma de gazela e revestido com uma camada generosa de gesso de alabastro.
(Fonte: Daniel SIMON/Gamma-Rapho/Getty Images)
Após uma vida de muito luxo, este cão de caça de um faraó foi preparado com muito cuidado e colocado para repousar eternamente ao lado de seu dono no Vale dos Reis, apresentando um excelente estado de conservação mesmo com o fato de suas ataduras terem caído há muito tempo.