Ciência
02/07/2023 às 06:00•3 min de leitura
Quando crianças, algumas perguntas interessantes e curiosas passam pela nossa mente: os peixes sentem sede? Eles bebem água? Bem, para responder a essas perguntas, a gente precisa entender se esses animais realmente sentem sede como nós e também como a água interage com outras coisas — como o sal, que é uma substância solúvel.
Depois, entra em cena a osmose, um processo que com certeza você já ouvir falar nas aulas de química. Ficou curioso para decifrar as perguntas acima? Então, continue a leitura e relembre alguns conceitos do ensino médio que vão te ajudar nas respostas!
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Para saber se os peixes sentem essa vontade de beber água, primeiro precisamos entender qual é o conceito de sede. O professor de fisiologia animal comparada da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Euclydes Antônio dos Santos Filho, define sede como "a sensação que conduz o animal à busca de água". Ele explica que os animais precisam ter um balanço adequado entre a quantidade de água em suas células e as partículas sólidas dentro delas.
Nós, humanos, e outros animais que vivem em terra firme, estamos sempre perdendo água, seja pelo suor ou pela respiração. Quando nosso cérebro nota essa perda de líquido, ele manda a mensagem ("tô com sede!") para irmos atrás de mais água.
Mas e os peixes? Euclydes diz que pensar na sede clássica, de procurar água, não faz muito sentido para eles, afinal, eles estão na água o tempo inteiro. Entretanto, existe um processo de troca de líquidos com o ambiente externo que chega muito próximo ao nosso conceito de "beber água".
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A quantidade de água que um peixe toma vai depender muito do nível de salinidade do lugar onde ele vive. Os peixes realmente bebem um pouco de água — tanto salgada quanto doce, dependendo do ambiente — pela boca, mas a maioria é absorvida pela pele e pelas brânquias por osmose — processo em que a água passa por uma membrana, indo dos lugares com pouca substância solúvel para onde tem muita, até que a célula atinja um equilíbrio com o ambiente.
"Pense nos peixes como uns barquinhos meio furados na água", explica Tim Grabowski, um biólogo marinho da Universidade do Havaí, em conversa com o site Live Science. "Tem sempre uma movimentação de água ou de sais que estão na água indo e vindo entre o corpo do peixe e o ambiente externo", conta. Agora, vamos entender como os peixes no oceano matam a sede.
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A água do mar tem mais ou menos 35 gramas de sal por litro, enquanto o sangue da maioria dos peixes tem cerca de 9 gramas por litro da mesma substância. Essa diferença vai fazer o peixe perder água para o ambiente externo o tempo todo e, ao mesmo tempo, ser invadido pelo sal dentro do corpo e nas células. Para resumir — o peixe de água salgada está sempre "com sede".
Esses peixes precisam encontrar uma forma de reter a água que bebem do oceano, mas, ao mesmo tempo, se livrar do sal. Para isso, eles têm células especiais nas brânquias chamadas células de cloreto, que funcionam como uma espécie de bomba minúscula expulsando ativamente o sal para fora do corpo. Eles até fazem urinam, mas bem pouco, porque querem segurar o máximo de água possível. E, quando fazem xixi, a urina deles é super salgada.
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Já os peixes de água doce encaram um desafio totalmente diferente. Muita água pode ser prejudicial, porque dilui o sal no corpo, essencial para regular a pressão sanguínea e manter os músculos funcionando direitinho. Por isso, esses peixes passam o tempo todo tentando se livrar da água que entra no corpo e nunca bebem água de propósito.
Para lidar com esse fluxo constante de líquido, eles fazem xixi "sem parar". Mas, não precisa se preocupar — a urina dos peixes é basicamente só água! Assim como os peixes oceânicos, os de água doce também têm células de cloreto, mas nesse caso elas funcionam ao contrário, puxando o sal para dentro do corpo em vez de expulsá-lo.
No fim das contas, não importa o mecanismo — o segredo para manter os peixes hidratados é encontrar o equilíbrio perfeito entre água e sal!