Ciência
15/09/2017 às 11:59•2 min de leitura
Você faz ideia do que deve ser ter nascido em plena Primeira Guerra Mundial (1914-1918)? Muita gente não consegue pensar o que é isso e nem se lembrar de vários fatos históricos acontecidos desde então, como outras guerras, a invenção da televisão, o surgimento da internet e por aí vai. Porém, para quase 68 mil japoneses essa é uma realidade.
O país concentra o maior número de centenários per capita do planeta – em termos absolutos, perde apenas para os Estados Unidos, mas é importante ressaltar que na terra do Tio Sam existem 323 milhões de pessoas, enquanto no Japão são “apenas” 127 milhões.
O Japão tem a maior porcentagem de idosos acima de 65 anos do que todo o resto do mundo e ainda enfrenta problemas com uma crescente queda no número de nascimentos. Isso obriga os mais jovens a trabalhar cada vez mais para cobrir os custos públicos para sustentar uma população cada vez mais velha.
Misao Okawa faleceu em 2015 aos 117 anos, época em que sustentava o título de mulher mais velha do planeta
Ao todo, são exatamente 67.824 idosos com mais de 100 anos no país, que viu sua população absoluta cair em mais de 1 milhão apenas nos últimos 5 anos. Estimativas apontam um futuro rombo na economia do Japão caso esse processo não seja enfrentado com incentivos à natalidade.
Mas não pensem vocês que os velhinhos são um peso por lá: os japoneses possuem o maior respeito por seus centenários, tanto na data de hoje (15 de setembro) se comemora o Dia dos Seniores. Quem alcança os três dígitos na idade ganha uma prato de prata do governo e uma carta de felicitações pela conquista – bem, o material era a prata até o ano passado, mas os altos custos obrigaram os governantes a optares por produtos mais baratos.
Todo centenário ganha um pratinho de saquê e uma carta
A expectativa de vida do japonês é de 87 anos, a mais alta do planeta, levando muitos cientistas a tentar compreender os motivos para isso. Um estudo de 2016 mostrou que os mais idosos são aqueles que seguem uma dieta sugerida pelo governo como mais saudável, isto é, com ingestão preferencial de arroz, peixes, legumes e frutas.
Essa alimentação tem mudado gradualmente, com cada vez mais redes ocidentais de fast food aportando no país. Isso já está se refletindo na própria saúde da população, que tem ficado cada vez mais obesa e enfrentado problemas de hipertensão, por exemplo.
Outro detalhe importante para a longevidade dos japoneses é o alto investimento que o governo faz na área da saúde. Todos têm acesso a tratamentos de qualidade e precisam fazer exames regulares – não precisa ficar doente para procurar ajuda, afinal, o melhor sempre foi prevenir.
Governo oferece saúde de qualidade para todos
O problema é que os fundos econômicos para manter um esquema de saúde tão eficaz podem estar com os anos contados, já que a mão de obra mais jovem está diminuindo gradativamente no Japão. Até quando isso irá se sustentar? Isso ninguém sabe dizer exatamente.
A saúde mental e a coesão social são outros fatores apontados como possíveis causas para a longevidade do país. Com as pessoas se sentindo parte fundamental da sociedade e tendo autoestima mais elevada, isso certamente se reflete na qualidade de vida como um todo.
E apesar de a atividade física ser fundamental para a saúde de todo mundo, estudos mostram que os japoneses não estão entre os mais ativos do planeta. A diferença é que por lá muita gente usa o transporte público (de qualidade), então ao menos um pouquinho de caminhada diária praticamente todo mundo pratica.
Menos de 30% dos japoneses pratica alguma atividade física mais intensa