Ciência
27/12/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 27/12/2024 às 21:00
Quando se fala em comunicação animal, os cachorros costumam ser estrelas. Quem nunca viu um cão usando o olhar para pedir comida ou a clássica pata na perna pedindo atenção? Agora, a ciência está descobrindo que eles podem ir além: alguns cães estão literalmente "falando" usando botões sonoros, juntando palavras para expressar desejos e até formular combinações criativas. Parece cena de filme, mas é real e está impressionando pesquisadores e donos ao redor do mundo.
Um estudo recente analisou 152 cães treinados para usar "soundboards", dispositivos com botões que reproduzem palavras gravadas. Durante 21 meses, os donos registraram quase 195 mil interações dos pets com os botões. O resultado? Muitos dos cães não apenas escolhiam botões de forma deliberada, mas também combinavam dois ou mais para criar mensagens como “comida” + “água” ou “ir lá fora” + “banheiro”. É como se os bichinhos estivessem aprendendo a falar nossa língua, mas com o toque de uma pata.
O que mais chamou atenção dos cientistas foi a habilidade dos cães de montar combinações que faziam sentido, como “nome do cão” + “quero” — um pedido bem direto. Federico Rossano, autor do estudo, explicou: “Os cães estão pressionando os botões com propósito, e as combinações não são aleatórias, mas refletem pedidos específicos”. Essa descoberta abriu um debate fascinante sobre a capacidade canina de associar sons e conceitos.
Entre as palavras mais usadas pelos cães estavam “comida”, “petisco” e “ir lá fora” — prioridades bem claras, né? Mas a surpresa veio com combinações mais elaboradas, como “comida” + “água”. Isso mostra que os cães não apenas entendem as funções individuais dos botões, mas conseguem integrá-las para formar novos significados.
Embora ainda estejam longe do nível de comunicação de um ser humano, esses avanços sugerem que os cães possuem habilidades cognitivas mais complexas do que se imaginava. Isso poderia mudar a forma como os donos interagem com seus pets, tornando a convivência ainda mais rica e divertida.
Os pesquisadores também notaram que os cães não estão simplesmente imitando seus donos. Enquanto os humanos pressionam botões como “eu te amo” com frequência, os cachorros preferem pedidos práticos, como “brincar” ou “comer”. Isso reforça que os cães estão escolhendo palavras de acordo com suas próprias necessidades e não apenas replicando comportamentos humanos.
Federico Rossano acredita que essa tecnologia tem potencial para transformar a relação entre humanos e cães. Ele sugere que, no futuro, os pets possam até combinar botões para expressar ideias mais abstratas, como falar de objetos ausentes ou experiências passadas. “Se os cães forem capazes disso, isso mudaria completamente a forma como entendemos a inteligência e a comunicação animal”, comentou o pesquisador.
Por enquanto, os donos estão se divertindo e aprendendo mais sobre os pensamentos e desejos de seus companheiros peludos. Com o tempo, quem sabe até onde esses botões poderão levar a conversa entre humanos e seus melhores amigos?