Ciência
10/07/2018 às 09:00•2 min de leitura
Existe um trecho de oceano entre a Índia e o Sri Lanka, na Ásia, que vem despertando a curiosidade — e a criatividade — do povo há séculos. A Ponte de Adão, também chamada de Ponte de Rama, é uma espécie de conexão que existe entre esses dois territórios e que deixa bastante evidente a impressão de que ambos sejam — ou tenham sido, em algum momento — conectados por uma passagem.
Atualmente, ela não é transitável a pé, mas ao mesmo tempo não é possível cruzar esse trecho com embarcações, pois não há profundidade, e a ponte funciona como uma barreira. Mas, o que há de tão especial envolvendo esse local?
Veja essa imagem feita pela NASA em 2002:
Ela mostra claramente uma conexão entre as duas partes de terra, no que boa parte da população local — especialmente os mais fiéis às tradições religiosas da Índia — acredita ser a ponte construída pelo exército de macacos do rei Rama.
A história no épico Ramayana conta que, milhares de anos atrás, um príncipe chamado Rama perdeu seu direito ao trono. Durante um exílio de 14 anos na floresta, a esposa dele foi raptada pelo rei demônio que governava o Sri Lanka, Ravana.
Rama amava muito a esposa e foi resgatá-la, mas, para isso, precisava enfrentar 50 quilômetros de oceano — o que ele fez com a ajuda de seu exército de macacos.
Segundo o épico, os macacos escreviam o nome de Rama em pedras e as jogavam no mar. Elas foram, então, se unindo e formaram uma ponte flutuante que possibilitou ao príncipe chegar ao outro lado, derrotar Ravana e buscar sua esposa.
Rama foi tão ovacionado pela população que lhe permitiram voltar à descendência real, e ele foi coroado rei logo após seu retorno.
A ponte, no entanto, continuou lá para ser usada — e realmente era. Há indicações na região de que, até por volta do século XV, ela era de fato aproveitada pela população local, que transitava a pé. Tratava-se de uma passagem intermitente que desaparecia de acordo com a maré, uma espécie de banco de areia sólido o suficiente para fazer o trajeto em segurança, conforme apontam escritos mantidos no templo Rameswaram, na Índia.
Embora muita gente não acredite na história de que a Ponte de Rama tenha sido construída por macacos mágicos alfabetizados, a crença se mantém tão sólida quanto o banco de areia, de forma a ser considerada quase um monumento religioso.
Ao menos, esse argumento foi utilizado quando o governo indiano realizou uma proposta de dragagem da região, a fim de reduzir em quase 400 quilômetros o trajeto necessário para ir da Índia ao Sri Lanka. Isso porque quem vai do oeste ao leste da ilha precisa navegar em torno dela, o que deixa tudo muito mais caro.
Apesar do argumento financeiro, organizações de extrema direita Hindu recorreram ao apelo religioso da ponte, adicionando a isso o fator ambiental, já que a dragagem afetaria diretamente a população de peixes e a vegetação marinha, além de destruir uma barreira que possivelmente contribui para a redução dos tsunamis no local.
Quanto à origem da passagem em si, cientistas de diversas áreas já analisaram a região e concluíram que ela poderia ser formada por corais, areia e até mesmo ser um resquício de um período em que o Sri Lanka teria se desconectado da porção continental da Ásia. Ainda assim, não há uma explicação considerada oficial para a existência dela.
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