Ciência
31/10/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 31/10/2024 às 03:00
Usando a tecnologia de sensoriamento remoto LiDAR, uma equipe de pesquisadores brasileiros descobriu evidências arqueológicas de um assentamento colonial português do século 18 em plena floresta amazônica.
Embora os portugueses tenham chegado pela primeira vez ao Brasil em 1500, somente depois do final do Tratado de Tordesilhas em 1750, começaram a explorar oficialmente aquela região, que antes pertencia à Espanha. A partir daí, os colonos instalaram um administração colonial e fizeram da área um centro econômico, com mão de obra escrava, vinda da África.
O projeto Amazônia Revelada, liderado pelo arqueólogo Eduardo Neves, está usando a tecnologia LiDAR para fazer varreduras a laser em busca de estruturas perdidas na floresta amazônica. A ideia é escanear a paisagem verde em busca de potenciais sítios arqueológicos escondidos debaixo de um espesso “dossel” de árvores.
Em entrevista recente, publicada no site da Rádio CBN, Neves explicou que o assentamento português é uma das três principais descobertas do projeto Amazônia Revelada. As outras duas são uma estrutura de pedra em Rondônia, a Serra da Muralha, que aponta para uma ligação entre a Amazônia e os Andes; e um sítio indígena em forma de tabuleiro de xadrez, na Terra Rio Branco.
O assento do século 18, afirma o arqueólogo, é uma vila colonial portuguesa, localizada em uma região próxima ao município de Costa Marques, em Rondônia. Ele teria sido usado para transportar ouro através do rio Guaporé.
Confirmando a descoberta, equipe comprovou no local, com seus mapas, a existência de estruturas "'que correspondem ao arruamento dessa antiga vila colonial portuguesa". Após a independência do Brasil, em 1822, o local foi abandonado, a floresta tomou conta, e os blocos de pedra foram retirados, explica Neves ao portal Metrópoles.
O Amazônia Revelada é um projeto amplo, que envolve arqueólogos, indígenas, moradores não indígenas, ribeirinhos e quilombolas, diz Neves à National Geographic Brasil. A ideia é aproveitar a tecnologia LiDAR como uma espécie de visão de raio X para conseguir enxergar os sítios arqueológicos embaixo da floresta.
Além de eficiente, o LiDAR é um sensor versátil que pode voar em helicóptero, avião e até em drone. Ele emite milhares de ondas por segundo em direção ao solo. Na Amazônia, a maioria delas vai bater na copa das árvores e voltar, mas, como são milhares por segundo, algumas vão atravessar as copas e chegar até a superfície.
Quando essas ondas voltam com uma frequência um pouco diferente, é um sinal de estruturas construídas ou cavadas no solo, esclarece Neves.