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22/10/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 22/10/2024 às 09:00
O QI (Quociente de inteligência), uma pontuação em testes padronizados que teoricamente mede o nível de inteligência de uma pessoa, sempre foi o queridinho dos pais. Eles acreditam que, se tiverem um QI alto, seus filhos conseguirão obter notas maiores e um bom desempenho escolar.
Recentemente, pesquisadores da Universidade do Texas Southwestern, nos EUA, apresentaram uma versão até agora desconhecida dos testes de QI: uma relação entre os resultados do teste no ensino médio e o futuro consumo de álcool na meia-idade.
Segundo um estudo, publicado na revista Alcohol and Alcoholism, cada aumento de um ponto no resultado do QI resulta em um aumento de 1,6% na probabilidade de o examinando relatar consumo moderado ou pesado de bebida alcoólica em comparação à abstinência.
O estudo se baseou em uma população de 6,3 mil homens e mulheres que participaram do chamado Estudo Longitudinal de Winsconsin, formado por estudantes do ensino médio que se formaram em 1957. Todas as pontuações de QI foram coletadas de resultados do teste realizado durante o primeiro ano do ensino médio dos participantes.
Quase meio século depois, em 2004, os participantes relataram o número de bebidas alcoólicas que haviam consumido nos últimos 30 dias, e também o número de vezes em que haviam consumido cinco ou mais doses de bebidas alcoólicas em uma única sessão. Esta medida foi considerada um "consumo excessivo de álcool".
Em seguida, eles usaram uma técnica estatística chamada regressão logística multinomial para entender como o QI dos adolescentes pode influenciar o seu consumo futuro de álcool. Outra técnica, a regressão de Poisson, foi usada para examinar o número de episódios de bebedeira. Renda e educação foram dois fatores também explorados, por poder interferir nos resultados.
Autor sênior do estudo, o psiquiatra Sherwood Brown, professor da UT Southwestern, afirma: “Não estamos dizendo que seu QI no ensino médio controla seu destino”. Para ele, o QI pode levar a fatores sociais que, estes, sim, podem influenciar em um maior consumo de bebida.
Isso significa que não é o nível de educação que afeta a relação entre QI e o hábito de consumir álcool, mas fatores socioeconômicos, como a renda familiar, por exemplo, explica a coautora Jayme Palka, neurocientista da UT. Essa "lógica" se baseia em estudos anteriores que associam pontuações de QI mais altas a rendas familiares mais altas.
No entanto, esse consumo mais frequente de álcool, associado a normas sociais "relacionadas a prestígio/sucesso", foi menos comum entre mulheres do que entre homens. Mas, como a pesquisa foi conduzida entre uma grupo específico de indivíduos em sua maioria brancos e não hispânicos, os resultados podem não se aplicar a outras populações.