Artes/cultura
05/09/2018 às 10:00•2 min de leitura
Com o preço do combustível nas alturas, quem tem carro faz o que pode para economizar. As empresas que vivem disso precisam se preocupar sempre em como cortar custos, mesmo que as soluções sejam pouco ortodoxas.
Desde 1970, a UPS, transportadora norte-americana, evita ao máximo as curvas à esquerda e com isso economiza milhões de litros de combustível todos os anos, além de reduzir as emissões de CO2 equivalentes a 20 mil carros de passeio. Essa política foi testada e comprovada com a implementação do software chamado Orion, que entre 2003 e 2009 testou algoritmos para otimizar rotas e melhorar o processo de entrega de encomendas.
Atualmente, cerca de 90% dos trajetos da transportadora são compostos de curvas para a direita, o que gera uma economia de 300 a 400 milhões de dólares por ano em combustível e custo com veículos. Como a empresa faz cerca de 18 milhões de entregas diariamente nos Estados Unidos, Orion analisa 250 milhões de endereços por dia e realiza 30 mil otimizações de rotas por minuto.
Jack Levis, diretor de Gerenciamento de Projetos da UPS, conta que foram necessários 10 anos para acertar o programa, mas o esforço valeu a pena. “A parte mais difícil foi fazer com que Orion pensasse mais como um motorista do que como um computador”, explica. Virar para a esquerda não é proibido na transportadora, apenas evitado, conta Levis. “Nós não precisamos andar em círculos durante todo o dia. Nós temos ferramentas para analisar o número de curvas à esquerda em um trajeto e quais podem ser evitadas.”
Com isso, a empresa criou seu próprio mapa de trabalho, mais adequado e preciso do que os convencionais, já que mapas comuns, como o Google Maps e o Waze, oferecem o caminho mais curto ou mais rápido, o que não se adequa à UPS, de acordo com Jack Levis. Muitos motoristas acreditam que estariam demorando mais dessa forma ou andando mais do que o necessário, mas no fim o sistema prova que a otimização realizada torna o percurso mais econômico e direto.
É uma daquelas teorias contraintuitivas que o trânsito nos mostra: devagar e sempre pode ser melhor do que o caminho mais rápido. Essa maneira de trabalhar hoje já funciona em diferentes países onde a UPS atua, incluindo onde há a mão inglesa, como Austrália e Reino Unido por exemplo.
Essa política também torna a direção mais segura, de acordo com dados estadunidenses de tráfego. Em vias de mão dupla, a curva à esquerda é considerada mais perigosa, já que geralmente acontece contra o fluxo de veículos.
Um estudo da Associação Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário dos EUA mostrou que 22,2% das colisões ocorreram em curvas à esquerda, enquanto somente 1,2% das curvas à direita resultou em acidentes. Além disso, virar contra o fluxo de veículos é três vezes mais perigoso para pedestres, de acordo com informações de planejamento de trânsito da cidade de Nova York, nos EUA.
No entanto, infelizmente isso não quer dizer que a economia se aplica a nós, pobres mortais. Como geralmente realizamos o mesmo trajeto casa-trabalho-casa, não há por que evitar curvas à esquerda, mas sim buscar o caminho mais curto ou eficiente.
Wayne Gerdes, autor da técnica usada para ampliar o rendimento dos automóveis, defende que o melhor é analisar todas as possibilidades de trajeto para eliminar interrupções desnecessárias, como obras. “Nunca pare de procurar o melhor caminho, já que o tráfego, as rodovias e as condições das vias mudam ao longo do ano. Se um percurso tem uma nova rotatória, experimente-a! Esse é um exemplo de como é possível evitar sinais de trânsito e economizar tempo e combustível”, conclui.
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