Ciência
03/10/2018 às 09:00•2 min de leitura
Já imaginou o que existe nas coordenadas de latitude e longitude 0,0? Seria um grande tesouro? Uma montanha inexplorada? Bom, na verdade, a resposta é nada. Ou quase isso.
Tecnicamente, há uma boia de observação no local. O objetivo do artefato é angariar dados visando ampliar o conhecimento e a compreensão das interações oceano-atmosfera na região do Atlântico. A estação é denominada de 13010-Soul e fica a oeste do continente africano, no Golfo da Guiné.
O Prediction and Research Moored Array in the Tropical Atlantic (PIRATA), como é chamado, faz parte de uma rede de pesquisa desenvolvida em parceria entre Brasil, França e Estados Unidos. O projeto é o responsável por manter e monitorar as informações fornecidas pelo aparelho.
Existem ainda mais dois programas similares ao redor do mundo, cada um responsável por uma determinada região. O oceano Índico é monitorado pelo RAMA e o Pacífico pela rede TAO/TRITON. Com as referências obtidas a partir desses dispositivos, é possível melhorar a previsão do tempo e a compreensão das alterações climáticas.
Basicamente, o encontro da linha do Equador com o meridiano de Greenwich não representa fisicamente muita coisa, pois é apenas um pedaço de água. Mas quando colocamos no panorama sistêmico, em modelos geográficos, as coisas mudam um pouco. Isso porque as coordenadas 0,0 são as mais geoindexadas da Terra.
Quando uma foto é tirada via celular, por exemplo, o paradeiro só é inserido se a localização do aparelho estiver ativada. Com essa informação, um software processa e gera o local exato (ou muito aproximado) de onde o retrato foi tirado. Porém, se a função estiver desativada, os valores inseridos serão nulos, tanto para longitude quanto para latitude.
Sem problemas, né? O que é uma fotografia dando erro em um campo com o qual ninguém se importa muito? Mas quando outros programas tentam fazer buscas por quaisquer motivos e encontram esses valores, eles informam que o registro seja direcionado para esse local distante na África. Ou seja, esse é o lugar onde mais coisas acontecem, mesmo que quase nada aconteça.
Tanto que, em 2011, autores da Natural Earth usaram o termo que logo se espalhou mundialmente: Ilha Nula. O nome caiu nas graças dos geógrafos e outros amantes da zueira. Criaram até uma bandeira fictícia e alteraram o nome para a “República da Ilha Nula”, em um site que infelizmente já não está mais disponível.
Existem alguns outros casos semelhantes. Os pesquisadores responsáveis por denominar o arquipélago inexistente descobriram que em quase todos os sistemas locais de georreferenciamento as anomalias também ocorrem.
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