Ciência
16/11/2018 às 10:00•2 min de leitura
Casos em que pessoas se negam a vender suas propriedades para a construção de estradas ou grandes empreendimentos não são raros. Os motivos para isso nem sempre são os mais nobres, mas esse direito existe.
Quem viaja pela rodovia M62, que fica na divisa entre os condados de Lancashire e Yorkshire, na Inglaterra, pode achar que o dono da pequena fazenda Stot Hall brigou até as últimas consequências para se manter no local, mas a história não foi bem assim.
Pelos últimos 50 anos, a fazenda é um ponto de referência para quem se desloca entre as cidades de Liverpool e Hull. A localização inusitada gera até piadas, como a de um motorista que diz conhecer todas as roupas de baixo da mulher do fazendeiro, por observar as peças penduradas no varal todos os dias.
A primeira construção na propriedade foi erguida há 300 anos e, até pouco tempo, as únicas companhias do fazendeiro eram os pássaros e as ovelhas. O anúncio da construção de uma rodovia, junto com diversas cartas de desapropriação de vizinhos, pareciam ser o fim do local.
Os proprietários da fazenda na época, Ken e Beth Wild, provavelmente foram considerados extremamente ranzinzas por não terem aceitado uma possível oferta do governo, mas o motivo para manter a propriedade não foi o que todos pensavam. Por muita sorte — ou azar — a área não foi desapropriada por uma característica específica do terreno.
As edificações foram construídas em uma área mais baixa e, como o terreno apresentou muitos problemas com desmoronamento, não seria possível construir as duas pistas lado a lado e em níveis distintos. Por isso, a melhor solução foi desviar de forma sutil o traçado, mantendo a região onde ficava a casa intacta no centro.
Para que os fazendeiros pudessem acessar toda a propriedade sem precisar cruzar uma rodovia, foram construídas trincheiras que tornam o deslocamento fácil e seguro. Também foram instalados sistemas de proteção, tanto para que os animais não entrassem na pista quanto para evitar que carros entrassem na propriedade, em caso de acidente.
Outra questão inusitada foi que, por estar ao lado da pista, o local se tornou um posto de auxílio para motoristas com problemas. Paul Thorp, morador atual do local, diz que já surgiram pessoas pedindo para comprar gasolina do seu carro, emprestar uma chave inglesa ou o favor de conceder uma ligação telefônica.
Ele diz que não se importa na maioria das vezes, mas em alguns casos se irrita com a movimentação. Bem humorado, ele brinca dizendo “em alguns dias eu gostaria de poder desligar o movimento, mas ainda não encontrei o botão".