Ciência
08/12/2020 às 10:00•2 min de leitura
Cerca de 20 crianças das cidades de Granada e Valencia, na Espanha, passaram a enfrentar problemas com rápido crescimento capilar no corpo após tomarem medicamentos por engano.
Os primeiros casos da confusão começaram em 2019, quando diversas famílias relataram que suas crianças apresentavam sintomas de hipertricose, também conhecida como “síndrome do lobisomem”, pouco tempo depois de irem a clínicas para tomar omeprazol, medicamento comumente prescrito para tratar problemas gástricos. Segundo a imprensa local, os eventos ocorreram devido a uma troca de rótulo dos produtos, com alguns frascos chegando a ser contaminados por minoxidil.
O crescimento excessivo de cabelos nas crianças fez com que grupos de pais e mães procurassem a justiça a fim de entrar em processo legal contra o laboratório que medicou seus filhos. Porém, mais de um ano depois, os trâmites se estendem, enquanto os afetados pela troca de remédios ainda sofrem com as anomalias no corpo.
Em entrevista para o jornal El Español, o casal Amaya e Daniel comentaram sobre sua experiência, ao verem sua filha de apenas 22 meses ganhar pelos na face e no restante do corpo poucas semanas após tomar minoxidil no lugar de omeprazol. “Primeiro foi o bigode no rosto, depois em todos os lugares. E até agora, não parou de crescer”, disse Daniel em agosto de 2019, quase cinco meses após o tratamento.
O procedimento foi basicamente o mesmo para todas as crianças que desenvolveram hipertricose. Assim como ocorreu com a bebê de Amaya, foi recomendado que os remédios em cápsulas fossem substituídos por xarope, para minimizar os riscos e engasgos e má digestão da pílula. O omeprazol adulterado, preparado por um químico de uma farmácia local, logo viria a causar prejuízos irreparáveis nos pacientes.
Dezenas de famílias se posicionaram contra o laboratório, movendo ações criminais contra os responsáveis pela troca dos medicamentos. Porém, enquanto as crianças sofrem com o aumento da quantidade de cabelos, o processo contra a farmacêutica ainda se arrasta, com atrasos de respostas mesmo após o envio de provas.
Neste momento, todos os frascos oriundos da mesma rede química já foram recolhidos pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos de Saúde, e a investigação ainda segue, na tentativa de encontrar o responsável pela situação.