Ciência
24/12/2020 às 11:00•2 min de leitura
Marion Chaygneaud-Dupuy, uma alpinista francesa de 39 anos, acaba de ganhar o prêmio “Terre de Femmes” 2019, concedido pela Fondation Yves Rocher. O prêmio não foi por sua atuação como montanhista, mas por ter organizado um mutirão, desde 2016, para ajudar a limpar as encostas do Monte Everest das toneladas de lixo deixadas pelas pessoas que vão aos Himalaias para escalá-lo.
Desde a criação do projeto “Clean Everest”, em 2016, Marion e sua equipe haviam retirado 8,5 toneladas de resíduos e lixo. Se pensarmos no trabalho que deu escalar a montanha de 8,8 mil metros, apenas para retirar sujeira deixada por outras pessoas, é importante saber que isso corresponde a três quartos do lixo produzido em três décadas pelos “conquistadores”.
Marion tem sido apoiada por uma equipe local de 50 guias. Ela também obteve uma “carta de proteção ambiental da montanha” para treinar mais guias e xerpas (etnia local que vive na própria montanha), além de 50 iaques para transportar os sacos de lixo.
Marion tem essa conexão com a natureza, que faz parte de sua experiência de existir. Desde criança, ela adorava brincar na floresta e aprender os nomes de árvores, plantas e animais. Quando se tornou adulta, viajou para a Índia e o Tibete, para onde se mudou e tem trabalhado como guia desde os 22 anos.
Após observar, durante quase 20 anos, o grau de degradação provocado à montanha por quase 30 anos de expedições, ela decidiu iniciar a limpeza, e se chocou ao descobrir que, somente nos picos, havia mais de 10 toneladas de lixo. Ela agora pretende estender o projeto para toda a cordilheira dos Himalaias.
Em uma entrevista à Fundação Yves Rocher, que lhe concedeu o prêmio, Marion declarou que “Escalar o Everest deveria oferecer uma das interações mais puras entre os humanos e a natureza”. Ela sabe que a poluição que afeta a cordilheira, degrada também a água potável usada por 2 bilhões de pessoas que vivem nos vales da China e da Índia. Veja o vídeo: