Estilo de vida
23/05/2021 às 10:00•2 min de leitura
Quando Henry Brown nasceu, provavelmente em 1815 ou 1816, em uma plantação chamada Hermitage, no Condado de Louisa, em Virginia (EUA), ele já estava na escravidão.
Aos 15 anos, Brown foi enviado para trabalhar em uma fábrica de tabaco na cidade de Richmond, onde seu senhorio era estranhamente gentil para um proprietário de escravos. De acordo com a biografia The Unboxing of Henry Brown, escrita por Jeffrey Ruggles, o escravocrata nunca teria chicoteado nenhum deles, tratado mal ou tentado corrigir a "percepção errada" que os escravos tinham dele.
Brown se casou com uma colega escrava chamada Nancy, com quem teve 3 filhos, e foram morar em uma casa alugada perto da fábrica onde trabalhava. Ele pagava o senhorio de sua esposa para que ele não vendesse sua família, mas o homem traiu Brown e vendeu Nancy grávida e seus três filhos para um proprietário de escravos em outro estado.
(Fonte: My Hero Project/Reprodução)
Desesperado, a única maneira que Brown encontrou de poder estar com sua família novamente era se enviando pelo correio em uma caixa para algum estado onde a escravidão já havia sido abolida, através da Adams Express Company, uma empresa de correios conhecida por sua confidencialidade e eficiência.
Ele pagou ao sapateiro branco chamado Samuel A. Smith a quantia de US$ 86, suas economias de muitos anos, que viajou à Filadélfia para consultar os membros da Sociedade Antiescravidão da Pensilvânia sobre como realizar a fuga. Os ministros aconselharam enviar Brown para o escritório do comerciante Passmore Williamson, que fazia parte do Comitê de Vigilância.
Em 29 de março de 1849, para ser liberado do trabalho e embarcar em sua viagem perigosa, Brown queimou a mão até o osso com ácido sulfúrico, o que considerou uma dor mínima comparada a nunca mais reencontrar sua família. Ele entrou na caixa escrita "produtos secos" forrada com um tecido de lã e abastecida apenas com um pouco de água e alguns biscoitos. Tudo o que ele tinha para respirar era um furo pequeno escondido pela lã.
(Fonte: Biography/Reprodução)
Por aproximadamente 27 horas, Brown enfrentou viagens de trens, barcos a vapor e balsas, tendo que lidar com as colisões e aguentar ser jogado pelos funcionários da companhia. Ele chegou em 30 de março de 1849 na sala de Williamson, e foi recebido com grande alívio, rezando um salmo da Bíblia para celebrar sua liberdade.
A fuga de Henry Brown se tornou notória para alavancar o sistema de correios e sua funcionalidade, mostrando que as pessoas poderiam investir no método para enviar suas correspondências de maneira segura. Inclusive, foi através dos correios que a literatura abolicionista começou a entrar nos estados do sul do país, apesar dos esforços do governo em interceptá-la.