
Ciência
25/02/2023 às 06:01•2 min de leitura
Cerca de um terço dos bebês do sexo masculino no mundo são circuncidados, de acordo com estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde.
O procedimento envolve a retirada do prepúcio, aquele pedaço de pele do pênis que cobre a glande. O procedimento está ligado à redução das formas cancerígenas do HPV, de infecções urinárias e outros problemas no pênis — mas tais benefícios à saúde não justificam a realização do procedimento, ainda mais em bebês pequenos.
Até porque a enorme maioria das circuncisões é realizada por motivos culturais e religiosos. O judaísmo e o islamismo incluem a retirada do prepúcio como regra em suas religiões. Por isso, embora o procedimento seja pouco presente na América Latina e Europa (de tradição cristã), é muito comum no mundo islâmico, em Israel e em partes da África e Ásia.
Os Estados Unidos são um caso a parte: a circuncisão se popularizou por lá no século XIX, pela recomendação de médicos, e nunca deixou de ser popular — ainda que a prática não tenha um embasamento científico.
Contudo, considerando que o judaísmo, islamismo e cristianismo são as três principais religiões monoteístas do mundo — derivadas da mesma tradição abraâmica — por que duas mantiveram a regra da circuncisão e uma não?
A Circuncisão de Jesus Cristo, do artista italiano Ludovico Mazzolino (Fonte: Wikimedia Commons)
Para os judeus, o próprio Deus teria dito a Abraão que a circuncisão de todos os homens de seu povo seria um símbolo de seu pacto com Ele. Então, todos os bebês judeus deveriam ter seu prepúcio cortado. A tradição é retirá-lo no oitavo dia depois do nascimento, em um ritual conhecido "brit milá".
Mas cortar a pele do pênis não é um ritual que começou com os judeus: acredita-se que esse seja o procedimento cirúrgico mais antigo do mundo, ocorrendo há 15 mil anos. A partir disso, muitas culturas o incorporaram como questão de higiene ou rito de passagem à maturidade. E como tudo era ligado à religião na época, a circuncisão também tinha esse significado.
Um povo que pensava diferente era o grego: para eles, um prepúcio grande, que cobrisse bem a glande, era considerado um símbolo de beleza. E os judeus eram alvo de chacota por tirarem a pele de seus bebês. Isso se tornou uma questão quando uma nova religião abraâmica tentou se expandir para o mundo greco-romano.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Ao contrário do judaísmo, o cristianismo incentivava os fiéis a "espalhar a boa-nova", buscando converter o máximo de pessoas para a nova religião.
Muitos cristãos nasceram como judeus. O próprio Jesus e a maioria dos apóstolos passaram pelo ritual, no oitavo dia após o nascimento. Mas uma multidão de homens que se converteu nas pregações de Paulo de Tarso (São Paulo) era "gentio" — denominação da Bíblia para os não-judeus. Será que eles precisariam fazer a circuncisão?
Alguns, como São Pedro, acreditavam que sim. Mas São Paulo argumentava que não. Vale ponderar que, além de ser um tabu no mundo greco-romano, a circuncisão seria algo muito doloroso para um homem adulto daquela época.
Em sua Carta aos Coríntios, o apóstolo escreve: "Não vale de nada ser circuncidado ou não; importa é cumprir os mandamentos de Deus". O Concílio de Jerusalém decidiu a celeuma: ao que Paulo contou sobre os inúmeros "gentios" que converteu, outros apóstolos entenderam que retirar essa exigência era uma forma de facilitar o ingresso de novos fiéis na religião.
Assim, cristãos nascidos judeus poderiam continuar com a prática, enquanto aqueles que vieram do "povo gentio" não precisariam adotá-la. No século IV, quando as duas religiões se separaram definitivamente, a circuncisão até chegou a ser proibida para os cristãos — mas, depois de algum tempo, alguns grupos cristãos (especialmente na África) voltaram a fazê-la.
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