Mary: a única elefanta a ser enforcada na História

01/06/2023 às 10:003 min de leitura

Com o maior cérebro entre todos os animais terrestres e três vezes mais neurônios que os humanos, não é à toa que os elefantes sejam considerados os animais mais inteligentes do mundo, ficando no mesmo patamar que os golfinhos. Além disso, eles são capazes de gestos de empatia e possuem vidas sociais e emocionais muito complexas, aproximando sua existência à dos humanos.

Até onde se sabe, a primeira vez que os europeus entraram em contato com elefantes foi em algum momento de 327 a.C., quando Alexandre, o Grande, desceu a cordilheira Indocuche, na Índia, ficou fascinado com o tamanho do animal e resolveu adotá-lo. Ali começava a longa jornada de exploração nas mãos humanas.

Os elefantes machos selvagens foram capturados para propósito de guerra, mas também foram adorados pelos indianos como uma divindade, sendo cobertos em joias e finas tapeçarias.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

A maioria dos neurônios dos elefantes existe para controlar seu imenso corpo hábil. Com sua impressionante capacidade mental explorada sem fim, eles conseguem trabalhar para resolver problemas, usar ferramentas e possuem até um senso de identidade. Portanto, não demorou para que essas características fossem usadas como entretenimento mundano, como interagir com bolhas gigantes e fazer acrobacias em um picadeiro.

Esse foi o caso de Mary, a única elefanta a ser enforcada na História.

"Respeitável público"

(Fonte: Dirkdeklein/Reprodução)(Fonte: Dirkdeklein/Reprodução)

O elefante foi uma das atrações principais da indústria norte-americana de circo no século XX, bem como foram alvos de maus tratos ao serem adestrados e mantidos em jaulas pequenas para transporte pelo país. O Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus foi perito nesse assunto.

O show itinerante que começou a percorrer os EUA em vagões ferroviários no início de 1871, foi anunciado como "o maior espetáculo da Terra". Em 1920, ele já se deslocava em 84 vagões e era o circo mais rentável e prestigiado das Américas.

(Fonte: Circus History/Reprodução)(Fonte: Circus History/Reprodução)

Em meio a acrobatas, performances equestres, os irmãos Ringling sustentavam, claro, os elefantes performáticos. Um deles era a elefante asiática de 21 anos chamada Mary, especializada em música e beisebol. Segundo o marketing ao redor de sua imagem, ela podia tocar 25 músicas em sua trompa, manter o compasso na bateria e ainda lançar e rebater bolas de beisebol.

Mary não só era panfletada como "o maior animal terrestre", como também o orgulho da operação de grande sucesso que era a Barnum & Bailey.

O triste fim

(Fonte: NY Daily News/Reprodução)(Fonte: NY Daily News/Reprodução)

A vida miserável de Mary piorou em 11 de setembro de 1916, quando seu caminho cruzou com o de Walter Eldridge, em St. Paul, Virgínia. O homem foi designado para trabalhar como tratador de elefantes para a apresentação que aconteceria no dia seguinte, apesar de não ter nenhum lide com animais. Era comum que as companhias contratassem pessoas em situação de rua para realizar funções de estrutura e limpeza quando o circo chegava em uma cidade, por se tratar de uma mão de obra barata.

Não se sabe exatamente o que aconteceu para que Mary agarrasse Eldridge pela cintura, o lançasse contra uma barraca de bebidas e depois esmagasse sua cabeça. Alguns dizem que o homem a enfureceu ao golpeá-la com força com um pedaço de pau quando pegou uma casca de melancia do chão.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

De qualquer forma, Eldridge estava morto. Com isso, um motim se formou exigindo que Mary fosse sacrificada. Foi sugerido todo o tipo de barbaridade, desde empalamento até mesmo explodir sua cabeça com algum canhão feito para a Guerra Civil. Os donos do circo não consideraram nenhuma das opções, mas isso não diminuiu a crueldade na alternativa que escolheram.

Dois dias depois, Mary teve sua morte decretada em frente a uma multidão de 2.500 pessoas nas proximidades de Clinchfield Yards. A princípio, ela foi acorrentada a um guindaste com uma corrente ao redor do pescoço para que fosse enforcada, mas a corrente não aguentou o seu peso e ela caiu e quebrou o quadril.

Uma corrente nova e mais forte fez o trabalho. Mary permaneceu pendurada por meia hora enquanto sua sepultura era cavada ao lado da linha férrea aos sons de "Vivas!" e palmas. 

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