
Ciência
20/08/2023 às 10:00•2 min de leitura
Durante a invasão do Estado Islâmico (ISIS) no Iraque, em 2014, o povo da religião Yazidi foi colocado no centro das atenções do mundo. O motivo? Naquele ano, os terroristas forçaram os yazidis a fugir de suas aldeias para escapar da morte, da escravidão sexual ou de ficarem presos no Monte Sinjar.
Antes desses eventos, pouco se sabia sobre a religiosidade desse povo, que já defendia sua fé antes mesmo do cristianismo, e ainda menos se sabia sobre a cidade sagrada de Lalish. Então, por que os yazidis são tão odiados pelo ISIS? Quais são as origens desse povo?
(Fonte: Wikimedia Commons)
Compartilhando elementos com o zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, a fé Yazidi é uma religão bastante antiga, com cerca de 7 mil anos. Seus ensinamentos são transmitidos verbalmente, pois seus crentes não têm acesso ao seu livro sagrado — também chamado de Livro Negro ou Meshef Resh.
Segundo a religião, esse livro teria sido roubado no passado. Dessa forma, pode-se fazer a mesma pergunta para dois yazidis sobre sua fé e obter respostas completamente diferentes. Inclusive, a ausência de um livro sagrado é um dos fortes motivos do porquê esse povo foi perseguido pelo ISIS em 2014.
Entre quem é yazidi, existe a crença de que seu profeta foi o último a existir e que Noé era, de fato, um yazidi. Contudo, a religião também foi acusada de ser um culto ao diabo devido aos seus caminhos misteriosos e fechados, que são bem diferentes das três religiões semíticas existentes no mundo.
Por exemplo, os yazidis não acreditam que Lúcifer era um anjo caído, mas, na verdade, um dos anjos mais importantes. Em outras religiões, cobras negras são vistas como um símbolo do diabo, mas não para esse povo. Em sua religião, os yazidis não enxergam as cobras como um animal traiçoeiro, mas sim aquele que salvou a arca de Noé usando seu corpo para tapar um buraco.
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(Fonte: Wikimedia Commons)
Considerada o centro religioso dos yazidis, a cidade de Lalish carrega uma história de mais de 4 mil anos. Porém, foi apenas quando o Sheikh Adi ibn Musafir, originário do Líbano, conduziu seu povo para escapar da perseguição muçulmana na época, que a cidade finalmente ganhou maior importância na região.
Ao menos uma vez em sua vida, um yazidi deve fazer uma peregrinação a Lalish, onde suas almas irão descansar depois da morte. A cidade também é palco para uma enorme festa de uma semana chamada "Festa da Assembleia", que acontece todos os anos em outubro. Esse é um momento importante dentro dessa fé para conhecer outras pessoas e arranjar casamentos — os quais só são permitidos entre dois yazidis.
Para esse povo, Lalish carrega um templo sagrado extremamente importante e é o local para prestar homenagens ao túmulo de Sheikh Adi, seu Santo Profeta.