Ciência
12/09/2023 às 02:00•2 min de leitura
Esta história pode até parecer uma peça de ficção, mas não é. Durante a década de 1950, um grupo de insurgentes nas Filipinas chamado Hukbalahap estava levantando temores no país, o que gerou uma grande preocupação tanto no governo local quanto nos Estados Unidos.
Para combater o grupo, a CIA elaborou uma estratégia que hoje pode parecer uma piada: um ataque de vampiros.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos passaram a ter uma relação complexa com as Filipinas, país que envolve mais de 7 mil ilhas situado no Sudeste da Ásia. Em 1946, os EUA reconheceram a independência da nação, após séculos de domínio colonial espanhol e norte-americano.
Mesmo que a relação entre os países fosse pacífica, havia, por parte da inteligência militar americana, um grande temor em relação ao Hukbong Bayan Laban sa Hapon (ou Hukbalahap), um movimento guerrilheiro formado por fazendeiros, que se opunham sobretudo ao Japão.
O maior medo dos americanos era porque o Hukbalahap tinha raízes comunistas – vale lembrar que o contexto era de Guerra Fria, e os Estados Unidos viam a Rússia como sua maior ameaça. Na verdade, o grupo guerrilheiro estava mais preocupado com a reconstrução de um país mais industrial e autossuficiente, mas, mesmo assim, foram vistos pelos militares americanos como muito perigosos.
O tenente-coronel americano Edward Lansdale estava no comando de uma missão que deveria encontrar formas para lidar com estes insurgentes. Então, ele teve a ideia de usar uma espécie de "guerra psicológica": sua estratégia envolvia emprestar algumas superstições do povo filipino para agir contra eles.
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Ao pesquisar o folclore regional, Lansdale descobriu o Aswang, que é uma criatura bem assustadora. Alguns pesquisadores acreditam que, com a colonização espanhola, a figura mítica ganhou mais contornos dramáticos para incentivar que os filipinos se convertessem ao catolicismo. Ele foi mais aproximado a um vampiro – embora o Aswang também comesse órgãos, fetos e poderia aparecer em uma forma parecida com um abutre.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Lansdale resolveu então usar o Aswang em uma operação. Para expulsar os Hukbalahap de certo local, o tenente instruiu seus homens a espalhar rumores de que o Aswang estava por ali perto. Para conseguir isso, eles fizeram a informação circular entre os moradores para então chegar até os guerrilheiros.
Quando o tenente achou que o boato já havia chegado até os Hukbalahap, ele executou uma ação mais radical: colocou alguns soldados para rastrear um grupo de Hukbalahap. Eles capturaram o último homem que seguia a patrulha, mataram-no e fizeram dois buracos no seu pescoço. Em seguida, o homem foi pendurado de cabeça para baixo para que seu sangue fosse drenado, e seu corpo foi largado.
Quando o grupo encontrou o companheiro morto, eles realmente acreditaram que o Aswang existia e havia o atacado. Por conta disso, fugiram do território, cumprindo exatamente o que Edward Lansdale havia planejado.
Depois disso, o tenente continuou executando várias operações "psicológicas" que colaboraram para que outro presidente consoante aos interesses dos norte-americanos fosse eleito nas Filipinas, e para que os Hukbalahap finalmente se desmobilizassem e desaparecessem.