Ciência
25/01/2024 às 03:00•2 min de leitura
Das profundezas da Caverna de Blombos, na África do Sul, um testemunho de nossa conexão ancestral com a expressão e criatividade ecoa por cerca de 73 mil anos. Uma mão humana, guiada por um giz de cera primitivo, fez desenhos em um pedaço de pedra e marcou o início da jornada dessa arte como forma inicial de comunicação.
Julia Balchin, diretora da Royal Drawing School, destaca que o desenho é nossa essência, uma linguagem intrínseca que precede fala, leitura e caminhada. O desenho, desde a Renascença até os dias atuais, evoluiu com as mudanças culturais, mas enfrentou um declínio na década de 1970. Hoje, o ressurgimento do desenho, impulsionado pela busca por terapia e uma pausa do esgotamento digital, revela-se como a desintoxicação perfeita.
Desenhar pode aliviar a mente e nos colocar longe do mundo digital. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Durante os confinamentos pandêmicos, a Royal Drawing School, uma escola de artes situada em Londres, viu um aumento surpreendente nas inscrições online, chegando a mais de 3 mil por semana atualmente. O desenho ao vivo na escola tornou-se uma âncora para aqueles que buscavam um toque humano em tempos de isolamento.
Mais do que uma expressão artística, o desenho tornou-se um antídoto para o esgotamento digital, oferecendo uma conexão viva e direta que acalma mentes em um mundo acelerado. Não à toa a arteterapia, que foi reconhecida pelo NHS (sigla em inglês para Serviço Nacional de Saúde) no Reino Unido, destaca as excelentes propriedades terapêuticas do desenho.
A experiência de artistas como Emily Haworth-Booth, que enfrentou uma doença que a impossibilitou de trabalhar, revela como o ato de desenhar é uma jornada terapêutica que pode levar à cura, diminuindo a ansiedade e a depressão e proporcionando uma pausa extremamente importante no mundo caótico do meio digital.
Desenhar conscientemente, como destacado por artistas e terapeutas, torna-se uma ferramenta valiosa nesse processo. Em um mundo acelerado, o simples ato de pegar um lápis e desenhar conscientemente torna-se uma jornada terapêutica, uma desintoxicação necessária para a mente.
É importante se desligar do celular e praticar um pouco de exercício físico. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Por aqui, no Brasil, pesquisas já mostraram que podemos ficar até 5 horas por dia interagindo com redes sociais, sobrecarregando nossos cérebros com informações constantes e com os mais variados estímulos. A exposição excessiva a esses ambientes digitais pode afetar negativamente a saúde mental, desencadeando sentimentos de solidão, ansiedade e depressão.
Por isso, limitar o tempo que gastamos nas redes sociais todos os dias é essencial para melhorar a nossa qualidade de vida. Ao desconectar-se, nós temos a oportunidade de explorar atividades criativas, como o desenho, e focar em relacionamentos reais que serão cruciais para a nossa saúde mental.
Outro ponto positivo dessa desintoxicação é usar o tempo que normalmente se perde conectado para fazer atividades físicas, ato fundamental para sair do sedentarismo.
Contudo, o detox digital não é uma fuga completa e radical do mundo digital, mas sim uma reorganização que proporciona equilíbrio entre a vida online e offline.