O curioso caso de Jonathan Childe, o 'stalker' da rainha Vitória

27/01/2024 às 11:002 min de leitura

Em 1837, a rainha Vitória tinha um stalker. O capitão Jonathan Childe, oficial do 12º Lanceiros, talvez por ser bonito e bem-nascido, convenceu-se de que a jovem rainha da Inglaterra estava romanticamente ligada a ele.

Por conta dessa paixão, Childe começou a escrever cartas para a rainha sem parar. E mesmo que ela tenha educadamente pedido que o capitão deixasse de escrever, o sujeito não conseguiu parar, o que levou a consequências indesejáveis para ele. 

A obsessão do capitão pela rainha Vitória

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

A jovem rainha Vitória tinha 18 anos quando chamou a atenção do capitão, que começou a escrever obsessivamente cartas para ela. A pressão do palácio contra o insistente ato fez com que o pai de Jonathan Childe levasse o filho a ser examinado por médicos, para avaliar se o seu caso era clínico e precisava de intervenção. 

Depois de algumas tentativas de tratamento, Childe acabou sendo enviado para um manicômio em Dublin em 1842. Ele acabou sendo diagnosticado com vários transtornos mentais, sendo um deles a monomania, um tipo de paranóia em que o paciente tem uma única ou um tipo específico de ideias.

Então, seu caso foi considerado como uma forma de insanidade, levantando algumas discussões sobre como os transtornos mentais eram encarados nessa época. Vale lembrar que, no século XIX, não havia muitos estudos acerca de questões psiquiátricas, mas também havia dúvidas sobre se era melhor que os pacientes permanecessem internados ou não.

No caso de Jonathan Childe, pesou contra ele o fato que o alvo de sua obsessão era a própria rainha da Inglaterra, e que, antes dele, dois outros homens haviam atentado contra a vida da monarca. Por isso mesmo, talvez se possa dizer que ele foi confinado injustamente.

Os possíveis abusos no caso Childe

(Fonte: Brown Digital Repository/Brown University Library/Reprodução)(Fonte: Brown Digital Repository/Brown University Library/Reprodução)

No século XIX, havia ainda muitos abusos nos tratamentos de transtornos mentais, e um paciente podia ficar internado por um longo tempo apenas por questões financeiras ou por desejo de sua família. As reformas no sistema começaram a acontecer aos poucos, mas a questão dos asilos e manicômios permaneceu imutável por muito tempo.

Anos mais tarde, o caso de Childe foi considerado um exagero por parte dos médicos. Mesmo estando confinado, ele era considerado inteligente e eloquente pela equipe que o examinava, e não havia consenso de que ele deveria ficar internado. O fato é que ele permaneceu assim por mais de uma década.

Childe, no entanto, encontrou aliados que lutaram para defendê-lo, até que ele foi solto em 1854. O sujeito passou então a afirmar publicamente que sua fixação pela rainha era coisa do passado. O jornal Morning Chronicle declarou em suas páginas que o capitão Childe, então na casa dos quarenta anos, tinha "aparência muito atraente".

Entretanto, Childe foi condenado ao isolamento por conta das cartas que escrevia aos amigos, que levaram ao diagnóstico de que ele estava com a mente cheia de ilusões, embora fosse calmo e racional no trato com outras pessoas. Nessas cartas, ele dizia que havia mantido um caso sexual com a rainha por vários anos. Os conteúdos, inclusive, continham descrições grosseiras de relações sexuais.

Mas, no fim, o fato é que se o capitão Childe tivesse nascido em outro momento histórico, e estivesse fixado em outro tema, seu destino poderia ter sido diferente. Suas cartas obscenas teriam sido tratadas de forma menos séria e seu fim, mais leve. Jonathan Childe morreu em um asilo para lunáticos, acometido por necrose, aos 49 anos.

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