Ciência
24/02/2024 às 11:00•3 min de leitura
Os gnósticos foram uma seita herética do cristianismo que defendia pontos de vista totalmente diferentes das crenças cristãs ortodoxas. O princípio fundamental deles era de que o mundo foi criado por um Deus inferior e corrupto, o que teria contaminado os seres humanos em sua plena existência.
No entanto, a seita também afirmava que um pedaço do verdadeiro Deus superior residiria dentro de cada pessoa e, ao alcançar a gnose — ou "sabedoria" — seria possível encontrar a salvação desse mal.
Assim como qualquer sistema de crenças, os gnósticos mantinham a sua própria mitologia original, com muitas histórias e personagens obscuros e com detalhes que variam bastante toda hora. Para entender mais sobre essa seita, nós separamos cinco mitos que faziam parte do gnosticismo.
(Fonte: Getty Images)
Os gnósticos acreditavam que o Deus que os cristãos tinham como o criador do universo não era o "verdadeiro" deus. Para eles, o Todo Poderoso seria uma entidade ou energia desumana que nós seríamos incapazes de compreender. Além disso, o Criador teria manifestado seres chamados Aeons através de um processo chamado emanação para a construção do nosso mundo.
Estes Aeons continuaram a multiplicar-se e, com maiores graus de separação da fonte, foram se separando cada vez mais da sua divindade. Foi através deste processo que a criação do mundo finalmente surgiu, explicando porque a nossa existência seria corrupta.
(Fonte: Nicholas Roerich/Wikimedia Commons)
Segundo algumas seitas gnósticas, a primeira emanação foi a de Barbelo, uma energia ou entidade feminina. Alguns a rotulam como a verdadeira mãe de Cristo, enquanto outras a equiparam como uma contraparte feminina do lado masculino do Criador.
Juntos, eles teriam emanado os outros Aeons. No mito contado por Irineu, ela é simplesmente a primeira de uma linha de muitas emanações divinas. De todo modo, ela também é vista como a primeira verdadeira introdução do feminino à existência.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Um dos Aeons mais famosos da mitologia gnóstica é Sophia, a responsável por dar início aos eventos que criaram o universo. Segundo a lenda, ela foi um dos últimos Aeons a emanar do Criador, tornando-se mais propensa a imperfeições e erros. Sinônimo de sabedoria divina, Sophia representava algo que todos os humanos poderiam acessar.
A história diz que o mundo foi criado quando ela caiu do Pleroma — casa de todas as divindades — e procurou descobrir a fonte de sua criação e divindade. Em sua procura fútil e difícil, ela deu à luz um ser ilegítimo e ignorante chamado Demiurgo, que nunca teve acesso ao conhecimento do Criador. Ele, por sua vez, criou o mundo como reflexo de sua existência.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Como dito anteriormente, o Demiurgo é o nome dado ao filho imperfeito de Sophia e é também o deus da religião abraâmica. Para alguns, ele é o Deus que criou o Universo, o Deus da Bíblia e o Deus a quem todos os cristãos modernos oram. Assim que Sophia percebeu que tipo de criatura ela havia dado à luz, ela expulsou a criança de Pleroma.
Sozinho e separado de toda divindade, ele criou o universo à sua própria imagem corrupta. Ele não apenas teria criado tudo ao nosso redor, como também criou a sua própria versão de Aeons, chamada Arcontes.
(Fonte: Getty Images)
Jesus Cristo é visto como a figura central do cristianismo. Sendo o filho de Deus, enviado para absolver a humanidade dos seus pecados, o gnosticismo o vê num papel muito semelhante, porém herético. Baseado em textos da seita, a mensagem de Jesus não era que a crença nele e em Deus salvaria a alma.
Em vez disso, assim como a serpente do Jardim do Éden, ele foi enviado à humanidade para lembrá-la da sua própria divindade e que a sua redenção reside dentro dela através da revelação da gnose. Algumas seitas gnósticas rotulam o aspecto espiritual de Cristo como sendo o de um Aeon, e seu corpo era simplesmente um veículo ou canal para que ele pudesse transmitir uma mensagem.