Ciência
12/10/2018 às 10:00•2 min de leitura
Existe, na região do Ártico, um curioso lago batizado de Esieh Lake. Aos olhos de um leigo, ele parece só mais um amontoado de água comum cercado por placas de gelo. Porém, basta se aproximar para ouvir um “chiado” peculiar e observar bem a sua superfície para identificar borbulhos. Acontece que o Esieh Lake emite cerca de 2 toneladas de gás metano por dia; por conta disso, ele é extremamente inflamável.
Quem descobriu, nomeou e se dedicou a estudar esse lago curioso foi a professora Katey Walter Anthony, que o apresentou ao mundo pela primeira vez através de um vídeo postado no YouTube em 2010. No clipe em questão, Katey (que leciona na Universidade do Alasca) utiliza alguns instrumentos para atear fogo na superfície da água, criando labaredas cuja altura excede a de seus assistentes acadêmicos.
De lá para cá, ela vem estudando o porquê de o lago emitir tal gás, que, ao ser combinado com oxigênio, se torna inflamável. Tudo indica que existe uma reserva milenar de tal composto químico abaixo da tundra, mas, com o aquecimento global, buracos estão sendo criados no pergelissolo — como é chamado o tipo de solo encontrado no Ártico e que, por definição, deveria ser constituído por terra, gelo e rocha permanentemente congelados.
Porém, graças às mudanças na temperatura da região, essa camada — que até então acreditávamos ser impermeável — está se rompendo e causando a liberação dos gases. Estima-se que, embora a maioria dos buracos tenha apenas 1 metro de profundidade, os verdadeiros responsáveis por liberar tanto metano atingem os 15 metros.
Vale a pena citar uma comparação interessante: as duas toneladas diárias emitidas pelo Esieh Lake são superiores aos níveis emitidos por 6 mil vacas, que são conhecidamente uma das maiores responsáveis pela emissão de metano na atmosfera (através de suas flatulências). Embora em geral culpemos o dióxido de carbono pelo aquecimento global, esse composto químico inflamável é igualmente perigoso para o nosso planeta.
Os lagos do Ártico e os animais leiteiros não são as únicas fontes “naturais” do metano. Ele pode ser encontrado em abundância, por exemplo, em pântanos (onde é responsável pelo fenômeno folclórico conhecido como fogo-fátuo). Minas de carvão, vulcões de lama e decomposição de resíduos orgânicos também emitem o gás, mas em uma quantidade bem menor e considerada inofensiva ao meio ambiente.
A preocupação dos cientistas é que esse fenômeno crie um ciclo vicioso: quanto mais metano for liberado no ambiente, maior será o efeito estufa, causando o aparecimento de mais buracos no pergelissolo. Pondo em vista a extensão do Ártico, identificar outros buracos emissores do gás ao longo da região não é uma tarefa fácil para os cientistas envolvidos; porém, muitos acreditam que o Esieh Lake não é uma exclusividade.
De acordo com um estudo conduzido em 2014 por pesquisadores do Colorado, a emissão de metano oriunda de perfurações no pergelissolo podem aumentar o aquecimento global em 8%, contribuindo para uma elevação considerável na temperatura mundial ao longo dos próximos anos. Ou seja — por mais que seja divertido e curioso ver “o lago pegar fogo”, ele serve como uma advertência para que tomemos as medidas necessárias o mais rápido possível para salvar o nosso planeta.
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