Estilo de vida
17/10/2018 às 12:28•3 min de leitura
Todo mundo conhece a lenda de Excalibur, a espada mítica que o Rei Artur arrancou de uma pedra para provar que tinha direito ao trono da Inglaterra, certo? Pois, na vida real — bem, mais concretamente, na Itália — existe um eremitério que abriga uma espada que se encontra cravada em uma rocha, e as histórias de como a arma foi parar lá são fascinantes e possivelmente serviram de inspiração para a famosa saga.
Conhecido como “Espada de São Galgano”, o artefato fica, como dissemos, em um eremitério que, por sua vez, se encontra na cidade de Montesiepi, a cerca de 30 km de Siena. O edifício foi construído em homenagem a São Galgano — a versão italiana do Rei Artur —, um nobre do século 12 que, para falar a verdade, na juventude, não tinha nada de santo.
Olha o cara aí (Wikimedia Commons/Sailko)
O nome desse cara era Galgano Guidotti e, segundo a história, ele nasceu no vilarejo de Chiusdino em 1148, e passou boa parte da vida aprontando. Dizem que ele se tornou cavaleiro, era pra lá de arrogante, vulgar e grosseiro, além de bastante violento. Isso até um belo dia o nobre ter uma visão envolvendo o Arcanjo Gabriel! Mas a coisa não ficou só nisso, não...
Em seu delírio, Galgano teria seguido o Arcanjo até o monte situado em Montesiepi e, lá, encontrado não só os 12 Apóstolos, como o próprio Jesus Cristo. Depois de voltar a si, parece que o cavalo do nobre resolveu teimar — e Galgano teria interpretado que o comportamento estranho devia ser um sinal divino.
Impressionado com a visão, o nobre teria decidido abrir mão de sua vida baderneira. Mas, parece que essa pequena abdicação não foi suficiente para as forças celestiais, visto que, segundo a lenda, uma voz teria dito a Galgano que ele também deveria renunciar a todas as suas posses.
Que tal? (Quora)
Nesse momento, o nobre deve ter pensado “calma lá!”, pois, segundo a história, ele teria argumentar, dizendo que renunciar as suas coisas seria tão difícil quanto partir uma rocha em dois. Então, Galgano sacou a espada para fazer uma demonstração e, para a sua surpresa, a cravou na pedra como se ela fosse feita de manteiga.
Apenas o cabo, o guarda-mão e um pedacinho da lâmina ficaram para fora da rocha, formando uma pequena cruz, e o milagre convenceu o nobre de que ele tinha que abandonar tudo mesmo. Depois disso, ele fixou residência no monte, onde permaneceu até o fim da vida como ermitão, e foi canonizado em 1185.
Outra versão da lenda conta que, após as experiências sobrenaturais, o nobre teria ido até o monte para construir uma cruz, mas, ao não encontrar os materiais necessários, resolveu “plantar” a espada no chão. Independentemente da história, o fato é que todo mundo — assim como provavelmente você — duvidava que houvesse algo de real nesse papo todo.
Cravada na pedra (Wikimedia Commons/Alexmar983)
No entanto, há alguns anos, um time de cientistas decidiu examinar a espada e os testes revelaram que a composição do metal é compatível com a lenda — ou com a época em que o tal cavaleiro teria vivido. Ademais, os pesquisadores usaram radares para tentar descobrir o que havia debaixo da espada e acabaram se deparando com um “oco” medindo cerca de 2 metros de comprimento por 1 de largura e que poderia ser a tumba de São Galgano.
Sobre a possibilidade de que a história de Excalibur (do Rei Artur, de Camelot e dos Cavaleiros da Távola Redonda) ter sido inspirada pela fábula de São Galgano, os estudiosos acreditam que a saga da espada provavelmente acabou “viajando” pela Europa — sendo contada de uma pessoa a outra — e chegado até a França, onde deve ter inspirado Robert de Boron a escrever sobre as lendas arturianas.
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