Afinal, a roleta-russa teve origem na Rússia?

08/11/2018 às 12:002 min de leitura

Existe uma piada que fala que, na França, o pão francês é chamado apenas de “pão”. Porém, por mais que ele tenha a nacionalidade em seu nome, ele é totalmente brasileiro, com origem em receitas que tentavam copiar um tipo de pão feito na França, mas que acabaram criando algo bem diferente. Esse tipo de problema linguístico é comum, mas não significa que todos os exemplos estão errados: a roleta-russa, por exemplo, parece ter sido originária na Rússia.

Ainda assim, o termo foi cunhado por um escritor suíço chamado George Surdez, que em 1937 escreveu um conto chamado “Roleta-russa”, no qual ele narra uma “brincadeira” feita pelo exército russo durante a ocupação na Romênia, em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Na história, tem-se o que sabemos da prática: um oficial colocou uma única bala em um revólver com capacidade para até 6 e depois disparou contra a própria têmpora tentado a sorte de não ser atingido pelo projétil.

Essa prática, porém, já datava de 1 século antes, com diversos soldados russos participando da “brincadeira”, de acordo com o poeta e romancista russo Mikhail Lérmontov, que vivera no começo do século 19. Ainda assim, o termo só foi se popularizar no restante do mundo com o lançamento do filme “O Franco Atirador”, em 1978: nele, três soldados são capturados durante a Guerra do Vietnã e iniciam as rodadas de atirar na cabeça até que apenas 1 permanecesse vivo.

roleta russa"O Franco Atirador" acabou popularizando a prática, principalmente entre jovens e adolescentes, e levando muitas pessoas a óbito

Mas apesar de aparentemente a prática macabra ter surgido na Rússia, é nos Estados Unidos que ela faz mais vítimas: um dos casos mais famosos aconteceu em 1954, quando o músico Johnny Ace faleceu em plena noite de Natal durante o intervalo de um show. Anos antes, um adolescente supostamente matou um colega com uma variação da roleta-russa: no pôquer russo, ao invés de dar um tiro na própria cabeça, você mira outra pessoa. Outra vítima da própria sorte foi o mágico finlandês Aimo Leikas, que pôs fim à própria vida em 1976 após um fracassado truque envolvendo a "brincadeira" mortal.

No Brasil, não existe uma lei específica contra a roleta-russa, mas o sobrevivente de um jogo desses pode ser enquadrado no artigo 122 do Código Penal, que fala sobre a indução, a instigação ou o auxílio em caso de suicídio, com pena de até 6 anos caso a outra pessoa venha a óbito. Se o perdedor apenas se ferir, o outro participante pode pegar até 3 anos de cadeia por lesão corporal grave.

Aimo LeikasAimo Leikas perdeu a vida em uma tentativa de truque envolvendo a roleta-russa

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