Estilo de vida
29/08/2023 às 09:00•2 min de leitura
Um grupo de exploradores recentemente refez o caminho de uma expedição condenada do século XIX ao Ártico em busca pelo túmulo de seu lendário capitão. O documentário Explorer: Lost in the Arctic, da National Geographic, estreou na quinta-feira (24) e narra uma busca de quatro meses por John Franklin, cujos navios desapareceram na região do Canadá em 1846.
Franklin partiu da Inglaterra com dois navios e 129 homens em 1845 com o objetivo de ser a primeira expedição a navegar pela Passagem Noroeste, uma rota do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico através do Ártico. Contudo, no ano seguinte, o HMS Terror e o HMS Erebus ficaram presos no gelo, dando início a uma tragédia sem precedentes.
(Fonte: National Geographic/Divulgação)
Uma nota deixada para trás foi o que fez pesquisadores descobrirem sobre o acidente envolvendo os dois navios antes de seu desaparecimento. Várias outras embarcações foram em busca de possíveis sobreviventes nas décadas seguintes ao desastre, mas nunca obtiveram qualquer tipo de sucesso.
Pesquisas modernas, no entanto, lançaram uma luz sobre o que aconteceu com a fracassada expedição de Franklin. Em 2014, uma equipe de busca canadense encontrou um dos navios perdidos, o HMS Terror, no Estreito de Victoria. Dois anos mais tarde, uma denúncia de um pescador Inuit levou à descoberta do HMS Erebus na costa da Ilha King William.
A pesquisa também revelou que parte da tripulação morreu nos navios bloqueados pelo gelo, mas 105 homens sobreviveram com os suprimentos que trouxeram e abandonaram os destroços em abril de 1848. Segundo os pesquisadores, no entanto, "sabemos que todos morreram no final."
Acredita-se que a tripulação possa ter sucumbido a uma combinação de fome, escorbuto — uma doença causada por uma grave deficiência de vitamina C — e envenenamento por chumbo devido à ingestão de alimentos mal enlatados, afirmam especialistas.
(Fonte: National Geographic/Divulgação)
Alguns pesquisadores acreditam que os marinheiros morreram de tuberculose, doenças respiratórias e cardiovasculares, com base em registros mantidos em "livros de doenças" em navios enviados em busca de sobreviventes. Os marinheiros que abandonaram seus navios, por sua vez, podem ter recorrido ao canibalismo para sobreviver na extensão gelada.
Ossos rachados descobertos em Booth Point e Erebus Bay indicam que os membros da tripulação provavelmente sugavam a medula óssea de seus camaradas mortos para extrair até a última gota de nutrição que pudessem. Mark Synnott, um explorador da National Geographic, alpinista e autor, que liderou a nova expedição, seguiu a rota pelo Ártico canadense, navegando através de neblina e tempestade para chegar à Ilha King William.
De acordo com relatos dos nativos da região, o túmulo do Comandante Franklin estaria localizado lá, enquanto uma nota encontrada na ilha indica que ele morreu a bordo do HMS Erebus em 1847. Os pesquisadores estão esperançosos que a tumba do marinheiro um dia será encontrada, potencialmente fornecendo ainda mais informações sobre esse curioso caso.