O caso Hall-Mills: um dos assassinatos mais icônicos dos EUA

14/07/2024 às 20:003 min de leituraAtualizado em 14/07/2024 às 20:00

O sucesso de documentários e filmes sobre crimes reais disponíveis nas mais variadas plataformas de streaming mostra que o público adora esse tipo de conteúdo. Toda trama que envolve vítimas, suspeitos, criminosos e investigadores costuma gerar fascinação no público, principalmente pela forma que a mídia aborda o tema. Mas isso não é algo novo, e o caso Hall-Mills é um grande exemplo disso. 

Os assassinatos de Edward Hall e Eleanor Mills, ocorridos em 16 de setembro de 1922, na pacata New Brunswick, Nova Jersey, ainda são lembrados como um dos casos de crimes reais mais fascinantes da Era do Jazz (décadas de 1920 e 1930). 

A tragédia

Os corpos do casal foram encontrados juntos, em uma posição que indicava intimidade. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)
Os corpos do casal foram encontrados juntos, em uma posição que indicava intimidade. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Os corpos de Hall, um ministro episcopal proeminente, e Mills, uma soprano do coral da igreja, foram descobertos de forma macabra em uma fazenda abandonada, dispostos como se estivessem descansando sob uma macieira. 

Edward Hall tinha um único tiro na cabeça, com um ângulo que dava a entender que o tiro foi de cima para baixo, como se ele estivesse ajoelhado quando foi executado. Já Eleanor Mills, teve um fim mais cruel, recebendo três tiros na face e o pescoço quase separado do corpo devido a golpes contundentes. Como dá para perceber, a pessoa por trás desse crime nutria grande ódio por Mills. 

Mas os ferimentos nos corpos não contavam toda a história. Por isso, o criminoso, para ser explícito e mostrar o que havia por trás de tudo, foi muito específico: deixou cartas de amor junto aos cadáveres, revelando que o cenário era resultado de uma trágica história de amor e traição.

Hall era casado com uma herdeira rica de proximidade sanguínea com a famosa família Johnson & Johnson. Já Mills, era esposa do sacristão da igreja e cantava no coral de Hall. 

Com toda essa cara de vingança que o caso se mostrou, logo encontraram o possível responsável pelo crime: Frances, a esposa de Hall. Ao que tudo indicava, ela não teria feito tudo sozinha, já que seus irmãos estavam possivelmente envolvidos. 

A investigação inicial foi atrapalhada, mas a pressão pública e o sensacionalismo da imprensa fizeram com que o caso ganhasse novas proporções.

A mídia entra em cena

A mídia teve um papel importante — e controverso — no caso. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)
A mídia teve um papel importante — e controverso — no caso. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

A mídia, especialmente os recém-criados tabloides, desempenhou um papel crucial na perpetuação do caso. O Daily Mirror, em particular, liderado pelo influente William Randolph Hearst, revisitou novos "fatos" que seriam suficientes para a reabertura do caso em 1926. A credibilidade dessas supostas evidências sempre foi de grande dúvida. 

Frances Hall, a viúva de Edward, e seus irmãos foram levados a julgamento em um espetáculo midiático que rivalizou com os maiores julgamentos do século.

O julgamento de Hall-Mills em 1926 atraiu uma legião de jornalistas renomados e transformou a pequena cidade de Somerville em um verdadeiro circo da imprensa. Com cobertura intensa, incluindo repórteres bastante conhecidos da mídia americana, o caso foi transmitido para uma nação ávida por escândalos e intrigas. 

O julgamento

Jane Gibson, a Mulher Porca, deu seu depoimento em uma cama de hospital. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)
Jane Gibson, a Mulher Porca, deu seu depoimento em uma cama de hospital. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

O promotor Alexander Simpson e os advogados da defesa protagonizaram confrontos memoráveis, enquanto testemunhas excêntricas, como a singular "Mulher Porca", forneciam depoimentos bizarros e cativantes.

Embora o julgamento tenha sido um espetáculo, a justiça permaneceu elusiva. Frances Hall e seus irmãos foram absolvidos, e a verdade sobre os assassinatos nunca foi completamente esclarecida. Mesmo assim, o caso Hall-Mills deixou um legado duradouro na cultura americana, ilustrando o poder da mídia na formação da opinião pública e no direcionamento de investigações criminais.

A história nos dias atuais

Matéria do jornal afirmando que o trio havia sido inocentado. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)
Matéria do jornal afirmando que o trio havia sido inocentado. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

A Igreja de St. John the Evangelist, onde Hall pregava e Mills cantava, ainda carrega o peso desse passado trágico. Recentemente, a igreja abraçou sua história ao sediar a produção teatral "Thou Shalt Not", que reconstitui os eventos do duplo homicídio e suas repercussões. 

A peça, encenada nos mesmos locais onde os eventos reais ocorreram, explora a resposta da comunidade ao crime e o papel das mulheres na sociedade da época.

Apesar das teorias e investigações, o mistério dos assassinatos de Hall e Mills persiste. Suspeitas variam desde o marido de Mills até membros da Ku Klux Klan, mas a falta de condenações e novas provas mantém o caso sem solução.

O interesse pelo caso Hall-Mills não diminuiu ao longo do tempo. Livros, peças de teatro e até podcasts continuam a explorar essa história intrigante, mantendo viva a memória de um dos casos mais notórios da história criminal americana. 

A combinação de escândalo, tragédia e a busca incessante por justiça garantiu que o assassinato de Edward Hall e Eleanor Mills se tornasse um marco na cultura popular e uma lembrança perpétua do poder das narrativas de crime verdadeiro.

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