Artes/cultura
09/10/2018 às 07:30•2 min de leitura
Seja sincero: você escova seus dentes todos os dias, após as refeições, como todos nós aprendemos (ou devíamos ter aprendido) na escola? Não é difícil encontrar quem responda “não” a essa pergunta. Há quem se esqueça de tal prática; outros sentem ânsia pelo gosto da pasta de dente; e alguns simplesmente têm preguiça demais para realizar o ato. Independentemente da desculpa utilizada, você já parou para pensar no que acontece quando nós deixamos de escovar os nossos dentes?
Antes de mais nada, é essencial entender que todos nós temos bactérias na boca — isso é algo perfeitamente normal e faz parte do jeito como nosso organismo funciona. Essas bactérias se alimentam de proteínas e da glicose, ambas oriundas de restos de alimentos, e criam uma comunidade biológica conhecida como biofilme ou (como costumamos chamar de forma menos científica) placa bacteriana.
O acúmulo de placa bacteriana (tártaro) — acompanhada por uma proliferação desenfreada de bactérias — acaba afetando as gengivas e culminando na famosa gengivite, que nada mais é do que uma irritação causada pelo aumento intenso do biofilme. Tal problema, extremamente comum no Brasil (mais de 2 milhões de casos por ano, de acordo com estatísticas de centros médicos), causa dores, sangramento e mau hálito.
Mas os problemas não acabam por aí. Se o indivíduo insiste em não escovar seus dentes, seu sistema imunológico entra em ação e tenta combater a comunidade de bactérias, o que cria um ambiente hostil em sua boca. Essa “guerra” desgasta os dentes e a gengiva, fazendo com que a doença evolua para a gengivite. Nesse ponto, o tecido e as células começam a se danificar, separando os dentes da gengiva e criando uma “bolsa” na qual mais bactérias podem se alojar.
Esse ciclo se repete até que o cenário mais trágico acontece: os dentes perdem sua estrutura e caem. Estudos indicam que, nos EUA, 10% das pessoas com idade entre 50 a 64 anos perderam todos os seus dentes por conta de complicações causadas pela periodontite. Aliás, vale a pena ressaltar que, a essa altura do campeonato, não adianta nada voltar a escovar os dentes — é necessário fazer uma retirada cirúrgica das placas que se alojaram nas bolsas, fazendo um acompanhamento adequado com um dentista.
Infelizmente, a periodontite é igualmente comum no Brasil — além dos sintomas da gengivite, ela causa o amolecimento dos dentes e sangramentos espontâneos, além de muita dor, inchaço e sensibilidade. Algumas pessoas são mais suscetíveis a sofrer com tal condição: fumantes, por exemplo, são mais propensos a ter tal doença.
Vale a pena observar que a má higiene bucal pode causar outros problemas de saúde, afetando mais partes do seu corpo além da boca. Pessoas com periodontite têm 4,5 vezes mais chances de desenvolver doenças renais, por exemplo; além disso, caso as bactérias se infiltrem em sua corrente sanguínea, até seu cérebro pode ser comprometido. Quem não escova os dentes diariamente corre um risco 65% maior de sofrer com demência no futuro.
Em resumo, um hábito simples e que muitas pessoas consideram “besteira” pode causar complicações em seu corpo inteiro. Hoje em dia, todos nós vivemos na correria e é fácil desleixar da higiene bucal; porém, vale a pena reservar alguns minutinhos do dia para escovar os dentes de forma apropriada, e, se possível, utilizar fio dental e um enxaguante bucal. Isso garante que a comunidade de bactérias esteja sempre estável e evita a formação do tártaro.
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