Artes/cultura
29/04/2019 às 06:45•3 min de leitura
Rolou o Natal — e, depois, o Réveillon. Nessas duas festividades, é absolutamente normal que as pessoas acabem, digamos, comendo um pouquinho mais do que o normal. Afinal, é bem difícil resistir a tantas receitas típicas e sazonais, incluindo o polêmico pavê (que é feito para comer mesmo, não para ver). De qualquer forma, janeiro costuma ser marcado por um sentimento de culpa — especialmente por parte das mulheres, que ainda sofrem com um padrão de beleza distorcido na sociedade — e um desespero para perder peso.
Aliás, emagrecer alguns quilos é, de longe, a promessa de Ano-Novo mais famosa de todas. Como resultado, temos pessoas apelando para dietas ditas milagrosas; porém, no fim das contas, ninguém sabe quem as inventou nem se existe alguma base científica para defendê-las. Com isso, surgem mitos de perda de peso que são bastante perigosos, e que, se levados a sério, podem até mesmo acarretar problemas de saúde. Ou seja: causa o efeito oposto ao desejado. Quer conferir alguns exemplos? Vamos lá!
Interromper sua alimentação habitual e entrar em qualquer dieta maluca que você tenha visto na internet é um “no no”, de acordo com Luís Castro, consultor da empresa espanhola Laboratorios Quinton. Quando questionado sobre as pessoas que mudam seus hábitos alimentares de forma grosseira após as festas de fim de ano, o especialista afirma: “Devemos voltar à higiene alimentar, ao que costumamos comer no nosso dia a dia”. Essa transição violenta causa mais danos do que benefícios.
Algumas pessoas adotam uma estratégia para perda de peso, mas acabam exagerando e se esquecendo que jamais devemos pesar menos do que nosso Índice de Massa Corporal (IMC), uma medida internacional que leva em conta a altura e outros fatores para indicar o seu peso ideal. “O limite saudável é estabelecido pelo nosso índice de massa corporal. Nunca devemos estar abaixo de 18,5 porque indica desnutrição e é extremamente perigoso para a nossa saúde”, explica a nutricionista Beatriz Núñez.
Perdoe-nos, vegetarianos, mas se alimentar unicamente de frutas e legumes causa “um excesso de açúcares e uma falta de proteína e de gorduras”, indica Castro. Além disso, por mais que tal dieta possa realmente fazê-lo perder uns bons quilos em pouquíssimo tempo, o efeito rebote é gigantesco — ou seja, quando você retornar à alimentação normal, ganhará tanto ou mais peso que tinha ao iniciar a dieta. Esqueça.
Todos nós sabemos que gordura em excesso não é legal — além de causar aumento de peso, é péssimo para nosso sistema circulatório. Porém, ao mesmo tempo, alimentos gordurosos fornecem nutrientes essenciais para o nosso corpo. Castro exemplifica isso citando o salmão. “O salmão fornece ácidos graxos muito benéficos que não são obtidos naturalmente em nosso corpo, como o ômega 3”, observa. O mesmo ocorre com o abacate, que é rico em serotonina. Ou seja: a chave é o equilíbrio.
Outro mito muito comum entre as “dietas de internet” é que devemos evitar o consumo de carboidratos, especialmente durante as manhãs. Porém, Núñes explica que, na verdade, o segredo é apostar em alimentos com carboidratos de liberação lenta. Como assim? Sai a farinha branca e entram, por exemplo, itens integrais, batatas e arroz.
Novamente, mais um mito que se originou de um exagero. Beber água é essencial, e todo adulto deve consumir pelo menos 2 litros do líquido diariamente. Porém, se entupir de água — como defendem algumas dietas — não funciona. “Pode ser contraproducente e até perigoso para os nossos rins. Se temos um excesso de água, os nutrientes são mais dissolvidos, e os processos fisiológicos não funcionam da mesma forma. Além disso, nosso corpo, para equilibrar, remove mais líquido e perde muitos minerais”, explica Castro.
A cafeína costuma ser demonizada por quem está de dieta. Acontece que tal composto químico não está presente só no café — este sim, um vilão para a perda de peso —, mas também em vários outros alimentos que o ajudarão a emagrecer. O chá verde e o cacau (leia bem: cacau, puro, e não chocolate) são ótimos exemplos: eles contêm uma substância chamada catequina, que acelera o seu metabolismo. Logo, insira-os na sua dieta e pare de ter medo da cafeína!
Produtos lácteos em geral são mais exemplos de alimentos mais contraproducentes do que úteis — o que inclui não apenas o leite em si, mas também queijos frescos que costumam entrar nas saladas. “O leite é destinado a um animal maior, suas proteínas são mais difíceis de digerir”, resume Castro. O único que se salva é o iogurte: pode consumi-lo sem medo.
As pessoas se concentram tanto em seguir uma regra de alimentação que se esquecem do resto. Apenas comer bem não é garantia de ser saudável — é necessário praticar atividades físicas, por mais simples que elas sejam. “O exercício não é uma opção, é necessário para ser saudável”, diz Núñez. “Você tem que procurar algo de que goste, que não envolva um esforço”, completa. Caminhar ou nadar são ótimas opções, pois queimam primeiro os carboidratos e, depois, as gorduras.
Fulano de tal fez tal dieta e perdeu 10 quilos da noite para o dia? Isso não significa que o mesmo ocorrerá com você. O pior erro de quem entra em uma dieta é se espelhar em alguém — um amigo ou uma celebridade — e posteriormente se chatear se perceber que o resultado não está sendo similar. “Existem biótipos que podem queimar mais rapidamente que outros”, explica Castro. Ou seja: cada corpo reage de uma forma diferente. Entenda o seu ritmo e não vá no dos outros!