Artes/cultura
09/09/2019 às 12:00•2 min de leitura
O infarto, o acidente vascular cerebral (AVC) e a insuficiência cardíaca (doenças cardiovasculares) lideram como as principais causas de morte em todo mundo há aproximadamente 50 anos. No entanto, de acordo com um estudo recentemente publicado, o câncer pode subir ao primeiro posto — pelo menos para pessoas de 35 a 70 anos.
Foram estudados 21 países, e aqueles classificados como de alta renda (Canadá e Suécia, por exemplo) já registram 2,5 vezes mais mortes por câncer que por doenças cardiovasculares. Nos países de baixa renda (que incluem Índia e Paquistão) e na maioria de média renda (Brasil, Argentina e Chile estão nesse grupo), as doenças cardiovasculares ainda lideram o ranking.
Acompanhando mais de 160 mil pessoas por aproximadamente 9 anos e meio, o estudo observou que países de baixa renda apresentam menos fatores de risco cardiovascular quando comparados aos mais ricos. Paradoxalmente, apresentaram as menores taxas de internação e de uso de medicações adequadas para doenças da circulação, o que resulta em mais mortes por essas causas.
A maior parte das causas das doenças cardiovasculares são preveníveis. Fatores como obesidade, colesterol alto, pressão alta, diabetes, entre outros, são totalmente tratáveis — o que mostra que a questão central nesse quebra-cabeça é o atendimento médico. Para Darryl Leong, autor do estudo, “Parece bem claro que o menor acesso aos serviços de saúde é uma importante razão para a disparidade observada”.
As taxas de internação hospitalar e uso de medicamentos para tratar e prevenir as doenças do coração são indicadores de acesso aos serviços de saúde: as mortes por infarto e AVC aumentam quando seu tratamento adequado falha. Portanto, se todos os países devem se preocupar em fornecer serviços de saúde eficientes para sua população, isso é ainda mais importante para os mais pobres.
No caso das mortes causadas por câncer, a estratégia seria evitar aquilo que sabidamente pode causá-lo, como tabagismo e abuso de bebidas alcoólicas, bem como se vacinar contra o HPV (papilomavírus humano) e a hepatite, por exemplo.
O maior ponto fraco desse estudo, se assim podemos dizer, é saber o quanto desse padrão pode ser aplicado em uma escala global. “Será importante confirmar nossos achados em mais países”, escrevem os autores. Mas a grande lição a ser aprendida é que o acesso aos serviços médicos e a redução dos fatores de risco fazem toda a diferença na hora de salvar vidas.