Natural ou cesárea: tipo de parto influencia resposta às vacinas

12/12/2022 às 02:002 min de leitura

A resposta imune às vacinas é diretamente influenciada pela forma como nascemos, se de parto natural ou cesárea. A conclusão aparece em um estudo realizado por pesquisadores escoceses e holandeses, publicado na revista Nature Communications no dia 15 de novembro.

Conforme os cientistas, os bebês nascidos de parto normal apresentam o dobro do nível de anticorpos produzidos após a vacinação infantil, em comparação com as crianças que vieram ao mundo via cesariana. Esta diferença é causada pelos tipos de “bactérias boas” com as quais temos contato logo ao nascer.

Para quem nasce de parto vaginal, os primeiros micro-organismos encontrados são aqueles que vivem na vagina da mãe. Já os bebês nascidos de cesárea vão ter como colonizadores iniciais os micróbios residentes na pele humana e nos ambientes hospitalar e doméstico.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Interessados em saber quais os impactos desses contatos na vacinação infantil, especialistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, do Centro Médico da Universidade de Utrecht e do Hospital Spaarne, ambos nos Países Baixos, monitoraram o microbioma intestinal de 120 bebês. Eles foram acompanhados do nascimento até completarem um ano de idade.

Parto natural em vantagem

Segundo a investigação, os bebês nascidos de parto vaginal apresentaram níveis maiores de Escherichia coli e Bifidobacterium. Essas bactérias benéficas geraram o dobro da quantidade de anticorpos em resposta às vacinas meningocócica e pneumocócica nas crianças.

Outros tipos de imunizantes, como a BCG (vacina contra a tuberculose) e a de prevenção à gripe também já se mostraram suscetíveis à influência do microbioma. O mecanismo tem a ver com a liberação de substâncias químicas pelas bactérias intestinais, responsáveis pela ativação do sistema imunológico no momento certo.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Sem as substâncias, também chamadas de ácidos graxos de cadeia curta, o organismo desenvolve uma menor quantidade de células B, que desempenham um importante papel na produção de anticorpos, como explicou a chefe de medicina pediátrica da Universidade de Edimburgo, Debby Bogaert. Ela é uma das coautoras do artigo.

É importante destacar que todos os recém-nascidos produziram anticorpos depois da vacinação, embora os que vieram ao mundo por meio de cesárea possam ter apresentado uma imunidade menor. Outro detalhe é que todos os participantes da amostra eram saudáveis e não nasceram de parto prematuro.

Reforçando a proteção

Na tentativa de repor os micróbios ausentes nos bebês de cesariana, têm surgido técnicas como a semeadura vaginal, em que as crianças são cobertas com fluido vaginal materno, e o transplante fecal, levando as bactérias intestinais da mãe para o filho. Porém, os pesquisadores alertam que esses métodos não são as melhores escolhas.

Conforme Bogaert, uma alternativa mais segura está nos probióticos, uma espécie de coquetel de bactérias benéficas ao organismo oferecido às crianças. Ela cita também a possibilidade de aplicar uma dose extra de vacina em quem não nasceu de parto natural, como forma de reforçar o sistema imunológico.

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