Ciência
03/09/2023 às 11:00•2 min de leitura
Permeia a vida de algumas mulheres o medo de uma gravidez inesperada. E esse sentimento aumenta ainda mais quando a internet disponibiliza uma enxurrada de fotos de recém-nascidos com minúsculos dedos agarrados a dispositivos intrauterinos (DIUs), dando a impressão de que o método contraceptivo falha com frequência.
Sim, é possível que métodos contraceptivos falhem, mas a margem de erro é muito pequena até mesmo para aqueles considerados "de ação rápida", como pílulas ou preservativos.
Um estudo financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde apontou que das gravidezes não planejadas, cerca de 52% ocorrem em mulheres que não usam contracepção, enquanto 43% naquelas que usaram contracepção de forma inconsistente ou incorreta; e apenas 5% delas ocorrem em mulheres cujo método contraceptivo foi usado corretamente, mas falhou.
Então, quais são as chances de engravidar usando métodos contraceptivos?
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Como apontam os especialistas, os DIUs possuem uma eficácia de 99%. Podendo ser de cobre ou hormonais, eles estão classificados entre os métodos mais confiáveis para evitar gestações não desejadas.
O DIU pode permanecer no local por 5 ou 10 anos, dependendo do seu tipo, mas pode também ser retirado a qualquer momento. Menos de uma em cada 100 mulheres vai engravidar em um ano fazendo uso de um dos tipos de DIU. Ambos são indicados por estudos como métodos com taxas de proteção que se comparam aos procedimentos cirúrgicos, como a laqueadura para mulheres ou a vasectomia para homens.
“Enquanto a probabilidade de gravidez associada a este método não chega a uma em cada 100 mulheres, a pílula, por exemplo, apresenta uma probabilidade de nove em cada 100 mulheres”, disse Helga Marquesini, ginecologista do Hospital Sírio Libanês, em entrevista à BBC.
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E isso vale para o uso da pílula anticoncepcional combinada e a tradicional. A combinada contém versões artificiais dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, produzidos naturalmente nos ovários. Se o espermatozoide atingir o óvulo, a gravidez pode ocorrer, por isso a contracepção tenta impedir que isso aconteça mantendo o óvulo e o espermatozoide separados, ou interrompendo a ovulação. Já no caso da pílula tradicional, ela previne a gravidez ao engrossar o muco do colo do útero para impedir que os espermatozoides cheguem ao óvulo.
Por isso que Marquesini ressalta que gestações, mesmo com o uso de pílula, não costumam surpreender. No entanto, um bebê que nasceu de uma mulher que usava DIU pode ser muito raro e costuma despertar interesse por parte do poderio médico.
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Estudos clínicos feitos pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) mostram que muitos métodos contraceptivos de ação rápida exibem uma taxa de falha que pode variar bastante, sobretudo porque é necessário utilizá-los da forma correta.
No caso do adesivo anticoncepcional, que libera hormônios no corpo por meio da pele para prevenir a gravidez, menos de uma em cada 100 mulheres engravidará em um ano se fizer o uso corretamente. Por outro lado, cerca de 9 em cada 100 mulheres que usam o adesivo de maneira atípica engravidarão em um ano.
O mesmo se aplica ao anel vaginal, um dispositivo feito de plástico macio inserido na vagina para liberar uma dose contínua dos hormônios estrogênio e progestagênio na corrente sanguínea para prevenir a gravidez.
Quando o assunto é preservativo masculino e feminino, a história fica mais complexa. Se for feito o uso perfeito da camisinha masculina, há 98% de chances de ser eficaz. Por outro lado, o uso atípico já apresenta uma queda para 82%, o que significa que cerca de 18 em cada 100 mulheres, cujos parceiros usam preservativo, engravidarão em um ano.
Para o preservativo feminino há 95% de eficácia se for usado perfeitamente. O número cai para 79%, no entanto, em caso de uso atípico. Nas vezes que falham os contraceptivos de ação prolongada, como o DIU, é porque costuma estar mal posicionado.