Artes/cultura
01/09/2023 às 11:00•2 min de leitura
Um novo antibiótico produzido por bactérias cultivadas em laboratório mostrou-se ser eficiente conta as chamadas "superbactérias" sem fazer com que os germes se tornem ainda mais resistentes ao tratamento, sugere um novo estudo feito nos Estados Unidos. Os cientistas isolaram o medicamento, chamado clovibactina, de uma bactéria Eleftheria terrae, coletada no solo da Carolina do Norte.
O artigo, publicado no dia 22 de agosto na revista Cell, aborda a necessidade urgente de novos antibióticos capazes de matar bactérias de novas maneiras. Os cientistas também destacam a promessa de estudar bactérias que antes eram difíceis de cultivar para encontrar mais respostas.
(Fonte: GettyImages)
Segundo os pesquisadores, a clovibactina é um antibiótico quimicamente novo proveniente das chamadas bactérias de "matéria escura" — microrganismos que nunca foram cultivados em laboratório antes. "Não é tóxico em modelos animais e funciona melhor do que o antibiótico padrão-ouro vancomicina usado para tratar infecções bacterianas que mostram resistência a outros medicamentos", afirmou o autor do estudo, Markus Weingarth.
Muitos antibióticos destroem as bactérias ao interromper a formação de paredes celulares, uma estrutura semelhante a uma malha que envolve cada célula bacteriana. Os antibióticos existentes até agora tendem a fazer isso interferindo em proteínas chamadas enzimas, que ajudam a construir a parede celular.
No entanto, as bactérias podem evoluir com o tempo e alterar essas enzimas, tornando esses medicamentos ineficazes. “A maioria dos antibióticos que encontramos hoje em dia são semelhantes aos antibióticos já existentes, e isso é um problema, porque as bactérias podem facilmente desenvolver resistência a eles”, explicou o pesquisador.
A resistência aos antibióticos é uma ameaça crescente que, em todo o mundo, resultou diretamente em cerca de 1,3 milhões de mortes e pode ter contribuído para mais 3,65 milhões somente em 2019. Logo, a busca por antibióticos que consigam combater essas superbactérias tornou-se uma prioridade científica.
(Fonte: GettyImages)
Anteriormente, cultivar bactérias como a E. terrae era um processo bastante complicado, uma vez que, para sobreviver, elas necessitam de nutrientes específicos e micróbios simbióticos no solo onde crescem. Porém, os investigadores desenvolveram um dispositivo que pode recriar as condições necessárias para o crescimento do esquivo micróbio no seu solo original.
Isso permitiu aos pesquisadores da NovaBiotic Pharmaceuticals, coautores do artigo, cultivar a bactéria e descobrir a clovibactina. Weingarth e seus colegas trabalharam então para determinar como o antibiótico funciona. A equipe descobriu que a clovibactina pode matar duas superbactérias perigosas: Staphylococcus aureus e a Enterococcus faecalis.
Enquanto a primeira delas é resistente à meticilina, a segunda mostrou-se resistente à vancomicina. A clovibactina, por sua vez, consegue envolver as moléculas dessas bactérias em uma espécie de gaiola, que não modificáveis pelos patógenos. Além disso, injeções intravenosas do medicamente também foram mais eficazes do que outros remédios contra essas bactérias.
Como próximo passo, alguns pesquisadores acreditam que a clovibactina possa ser ajustada quimicamente para matar bactérias de forma ainda mais eficaz antes de testá-la em humanos pela primeira vez — garantindo resultados ainda mais impressionantes.