Óleo de canola: existe mesmo motivo para se falar mal dele?

18/11/2023 às 12:002 min de leitura

Você já deve ter reparado que sempre há alguém dando dicas de alimentação nas redes sociais. Às vezes, as dicas são boas e vêm de bons profissionais, mas também é comum que elas não sejam confiáveis e tenham como objetivo o engajamento por meio do pânico que geram. Um dos alvos prediletos dos influencers de nutrição são os óleos — e o de canola está em alta neste momento.

Há quem argumente que o óleo de canola poderia gerar riscos à saúde devido ao seu processo de extração, que usa um produto químico chamado hexano. Esse composto é amplamente usado pela indústria como solvente. Seu uso vai desde a fabricação de gasolina a produtos de limpeza.

Por isso, muita gente teme pelas consequências que ele teria em nosso organismo. De fato, o óleo de canola usa esse produto em seu processo de extração e ele é mesmo tóxico em grandes quantidades, mas esse não é o caso da fabricação de óleo para uso culinário.

Diversas pesquisas já foram feitas e não foram encontrados resíduos de hexano em uma quantidade significativa a ponto de gerar algum problema de saúde em humanos.

Óleo de canola causaria doenças no coração

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Um segundo ponto fraco do óleo de canola seriam os eventuais problemas cardíacos causados pelo seu uso. Essa hipótese foi levantada após terem sido publicados estudos mostrando o surgimento de enfermidades em ratos que haviam consumido esse óleo.

Isso aconteceria devido à presença de um ácido graxo chamado ácido erúcico, que está presente no óleo de canola. Todavia, esses estudos são antigos e já começaram a ser contestados, o que enfraquece os argumentos dos influencers que citam essas pesquisas como suficientes para que as pessoas evitem o consumo desse produto.

Atualmente, considera-se que os níveis de ácido erúcico presentes no óleo de canola sejam seguros.

Consumo de óleo de canola já matou várias pessoas na Espanha

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

De fato, os espanhóis ficaram muito assustados com as consequências do consumo de óleo de canola nos anos 1980. Várias pessoas morreram e muitas outras lidaram — e ainda lidam — com sequelas físicas após consumirem óleo de canola.

Mas é preciso tomar cuidado ao usar essa trágica história para falar mal desse produto. O que causou todo esse problema não foi o óleo de canola, mas um agente contaminante que intoxicou o líquido.

Como a empresa responsável ficou por muito tempo em silêncio, surgiram muitas teorias sobre o que estava acontecendo e causando as mortes. Ainda que todo o caso já tenha sido esclarecido, muitas dessas teorias ainda sobrevivem no imaginário de muita gente.

Podemos comparar esse caso com a história da cervejaria brasileira Backer. Dez pessoas morreram intoxicadas pelo vazamento de um produto químico que contaminou a cerveja, o que não significa que o problema foi causado pela bebida.

Por fim, os detratores do óleo de canola atacam as plantações de transgênicos. Em todo o mundo, esse tema gerou debates e ainda causa alguma discussão, mas as pesquisas indicam que o consumo dessas plantas não traz riscos à saúde e pode aumentar a oferta aos produtos.

Feitos esses esclarecimentos, fica a pergunta: posso usar óleo de canola? A resposta é sim. Até o agora, não há indícios de que ele seja prejudicial à saúde.

Contudo, ele é um óleo e deve ser consumido com moderação. Ah! Seu valor nutricional não é tão diferente do óleo de soja a ponto de justificar a troca — na verdade, entre as gorduras boas, ele só tem o ômega 3, enquanto o óleo de soja também tem o ômega 6.

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