Ciência
06/12/2023 às 06:30•2 min de leitura
Os antibióticos podem representar talvez a maior conquista da medicina moderna. Afinal, ao longo do século XX, essa classe vital de medicamentos ofereceu proteção contra infecções anteriormente letais e transformou o cenário terapêutico pelo mundo todo. No entanto, o aumento de bactérias resistentes aos antibióticos agora ameaça todo o avanço que tivemos.
Porém, antes mesmo de debatermos como podemos lutar contra as superbactérias emergentes, precisamos entender como os antibióticos foram descobertos e como o seu uso indevido levou às circunstâncias críticas atuais.
(Fonte: GettyImages)
Os humanos têm tratado infecções com vários extratos de plantas e fungos há milênios. Povos antigos na China, na Grécia e na Sérvia chegaram até mesmo a usar pão mofado como remédio para feridas. Foi apenas na primeira década do século XX que as coisas mudaram por completo. Na virada do século, o Dr. Paul Ehrlich desenvolveu o primeiro antibiótico moderno.
Esse remédio chamava-se arsfenamina, ou Salvarsan, um tratamento para sífilis. Antes disso, essa doença era tratada através da aplicação de metais tóxicos, como mercúrio e bismuto. No entanto, o uso desse novo antibiótico ainda era desagradável e ainda era frequentemente utilizado com tratamentos antigos.
O desenvolvimento mais significativo na história dos antibióticos ocorreu no final da década de 1920, quando o Dr. Alexander Fleming percebeu que o mofo criava uma substância química como mecanismo de autodefesa que matava bactérias. Essa substância foi chamada de penicilina, que passou a ser produzida em massa e salvou milhões de vidas desde então.
(Fonte: GettyImages)
O sucesso dos antibióticos no combate às infecções foi também o que causou sua queda. O aumento do uso dessas drogas em humanos, bem como usos não terapêuticos em animais, eventualmente levou ao surgimento de patógenos resistentes e antibacterianos. Infelizmente, a batalha contra estes microrganismos resistentes continua e ainda estamos longe de vencer.
Quando as bactérias são expostas a antibióticos, os organismos mais fracos morrem, o que faz com que os sobreviventes transmitam qualquer resistência às gerações subsequentes. Mas as bactérias também podem trocar partes do seu material genético entre outras bactérias. Esse é um importante impulsionador da evolução microbiana.
Então, como podemos revidar para que essas bactérias resistentes deixem de se multiplicar? Para lidar com esta ameaça, os cientistas estão explorando uma série de novas opções de tratamento. Um exemplo disso é o uso de extinção de quorum, uma técnica que interrompe a capacidade de comunicação das bactérias — tornando elas menos nocivas e mais suscetíveis aos antibióticos tradicionais.
Outra abordagem incluiria o uso de bacteriófagos, conhecidos como vírus "assassinos de bactérias". Essa abordagem existe há quase um século, mas só tem sido levada a sério agora. Por último, há a imunoterapia, o mesmo método que revolucionou os tratamentos contra o câncer. De todo modo, a guerra promete ser longa e exigirá o esforço de todos nós, seja ao evitar o consumo de antibióticos sem prescrição médica ou simplesmente se prevenindo de infecções.