Estilo de vida
19/12/2023 às 06:30•2 min de leitura
Neste mês de dezembro, o mundo recebeu a notícia de que o mais antigo fungo causador de doença foi encontrado no Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra. Estima-se que ele tenha 407 milhões de ano, e sua descoberta foi registrada na edição mais recente da revista Nature Communications.
Geralmente relacionado com infecções, o fungo em questão estava crescendo em uma planta conhecida como Asteroxylon mackiei. A comunidade científica o reconhece como Potteromyces asteroxylicola, nome dado em homenagem à autora Beatrix Potter, que trabalhou escrevendo livros infantis e estudou o crescimento de fungos.
"Nomear esta espécie importante em homenagem a Beatrix Potter parece uma homenagem apropriada ao seu trabalho notável e comprometimento em desvendar os segredos dos fungos", explicou Christine Strullu-Derrien, do Museu de História Natural de Londres.
Imagens de microscópio mostram momento em que o fungo começou a atacar a planta. (Fonte: Live Science/Reprodução)
Até aqui, o Potteromyces asteroxylicola tem sido considerado uma peça fundamental para desvendar a origem do maior filo de fungos. Segundo informações divulgadas, ele conseguiu passar pela parede interna da planta, e após esse movimento começou a matar suas células e absorver os nutrientes.
Após o ataque do fungo, os estudos indicam que a planta tentou criar uma espécie de barreira para tentar conter o invasor. Neste ponto, os cientistas acreditam que a defesa foi gerada enquanto a planta estava viva e durante a investida do Potteromyces asteroxylicola.
"Embora outros parasitas fúngicos tenham sido encontrados nesta área antes, este é o primeiro caso de um causando doença em uma planta", comentou Strullu-Derrien. "Além disso, Potteromyces pode fornecer um ponto valioso para datar a evolução de diferentes grupos de fungos, como Ascomycota, o maior filo de fungos."
Imagem mostra momento em que planta tentou criar uma barreira para impedir avanço do fungo. (Fonte: Live Science/Reprodução)
Outro ponto importante nessa história: a descoberta do fungo aconteceu enquanto os pesquisadores estavam realizando checagens com a ajuda de um microscópio confocal para criar uma imagem 3D. Ao fazer essa verificação, eles perceberam a presença daquilo que parecia ser uma espécie nunca vista até então.
"A nova tecnologia disponível para nós, como a microscopia confocal, nos permitiu desvendar mais segredos dos fósseis armazenados nas coleções de museus, como os do Museu de História Natural", explica a autora principal do estudo.
"Quando comecei a trabalhar no Rhynie Chert, deveria durar apenas dois ou três anos. Já se passaram 12 anos, e ainda acho que há muito a descobrir deste fabuloso sítio", acrescentou Strullu-Derrien.
Entretanto, a descoberta desse novo fungo foi validada apenas depois que um segundo tipo foi encontrado nas coleções dos Museus Nacionais da Escócia. Dessa forma, os pesquisadores puderam confirmar que, de fato, o Potteromyces asteroxylicola se tratava de algo inédito.