Dengue: proteína de mosquito pode ser a chave para bloqueio do vírus

31/01/2024 às 09:002 min de leitura

Um novo estudo feito pela Universidade Nacional de Singapura apontou que as fêmeas do mosquito Aedes aegypti, inseto responsável pela transmissão do vírus da dengue, podem carregar a reposta para o desenvolvimento de novas estratégias antivirais para controlar os casos de dengue no mundo todo.

A pesquisa revela a estrutura e a função de uma proteína da cutícula da pupa encontrada no exoesqueleto — a cobertura dura que sustenta e protege o corpo de alguns tipos de animais invertebrados — desses mosquitos. Em 2023, mais de 5 milhões de casos de dengue foram notificados na Terra.

Lidando com a dengue

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Atualmente, não existe tratamento específico para a dengue e a única vacina contra a doença disponível, chamada Dengvaxia, só serve para crianças que já foram infectadas pelo vírus anteriormente e que vivem em áreas onde a dengue é comum.

Então, o professor do departamento de ciências biológicas da Universidade Nacional de Singapura, J. Sivaraman, e sua equipe decidiram esclarecer como as proteínas da cutícula encontradas nos mosquitos Aedes aegypti podem prevenir e controlar a infecção de um vírus transmitido por mosquitos, como o caso da dengue. 

As descobertas, publicadas na revista Protein Science, sugerem o potencial desta proteína como alvo para o desenvolvimento de métodos inovadores para controlar o problema. Pesquisas anteriores já haviam descoberto que as proteínas da cutícula deste mesmo mosquito desempenham um papel no bloqueio da infecção por vírus transmitidos por mosquitos, como o vírus da Zika e o vírus do Nilo Ocidental.

Próximas etapas de pesquisa

GettyImagesGettyImages

O vírus da dengue é classificado pelos cientistas em quatro variedades: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Para este estudo, os investigadores exploraram molecularmente como uma proteína da cutícula bloqueia a infecção da variedade DENV-2 nas células hospedeiras. Para isso, os cientistas empregaram uma técnica conhecida como Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), que utiliza um poderoso campo magnético para analisar a estrutura molecular da proteína da cutícula.

Através dessa análise, eles descobriram que a proteína assume uma estrutura desordenada. Um exame mais aprofundado das interações moleculares entre a proteína e o vírus da dengue levou os pesquisadores a sugerir que ela bloqueia a infecção usando uma abordagem dupla. Em primeiro lugar, ela obstrui o vírus da dengue ao se ligar diretamente nele, o que faz com que o vírus se aglomere e iniba sua interação com as células hospedeiras.

Depois, a proteína da cutícula pode prevenir a infecção pelo vírus da dengue por meio de interações com receptores da superfície das células imunes — desempenhando um papel na apresentação do antígeno do vírus às células do sistema imunológico. “As descobertas indicam que a proteína da cutícula da pupa é um alvo potencial para o desenvolvimento de inibidores ou anticorpos para controlar a infecção pelo vírus da dengue”, disse Sivaraman.

Como próxima etapa, os pesquisadores esperam identificar como essas proteínas previnem os casos de infecção em mosquitos e mamíferos, além de explorar a possibilidade delas como uma nova estratégia antiviral não apenas contra a dengue, mas também em outros flavivírus. 

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: