Ciência
19/03/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 21/03/2024 às 10:51
O Brasil vive atualmente uma epidemia de dengue em vários estados. A doença é causada por um vírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e provoca sintomas terríveis, como febre alta, dores no corpo e vermelhidão na pele.
É uma doença que tem se tornado mais frequente por conta das grandes fases de calor intenso, que possibilitam a sobrevida do mosquito. Pode também evoluir para uma versão mais grave e mortal. Entre os sinais de alerta para a dengue mais severa, estão os sangramentos nas mucosas, hematomas, vômitos, tontura, dores abdominais e sonolência.
Por conta disso, os cientistas estão em busca de novas alternativas para lidar com o aumento da doença.
Felizmente, os casos mais graves de dengue ainda são poucos em relação ao total. Segundo a OMS, em 2023, cerca de 0,1% dos casos apresentaram os piores sintomas. Mesmo assim, já houve dezenas de mortes por dengue em 2024, de acordo com o Ministério da Saúde, um aumento bastante significativo em relação ao mesmo período de 2023.
Os mais vulneráveis à dengue mais grave são as crianças pequenas e os idosos, por conta da imunidade fragilizada, o que torna mais difícil o combate às infecções graves. Outra informação importante é que a dengue grave é mais provável no caso de uma pessoa infectada pelo vírus pela segunda ou terceira vez.
Ocorre que existem quatro vírus causadores da dengue — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — o que significa que cada pessoa pode ser infectada quatro vezes. Quando ela pega dengue, o organismo produz anticorpos contra um tipo de vírus, o que facilita a entrada de um segundo vírus. Por isso, todo cuidado é pouco.
Por tudo isso, os cientistas estão na corrida para desenvolver uma vacina que nos proteja contra os quatro vírus em uma dose única. O Instituto Butantã trabalha nessa vacina desde o final da década de 1990, e divulgou recentemente os resultados primários da fase 3 desta vacina no The New England Journal of Medicine.
Com apenas uma injeção, será possível proporcionar proteção a pessoas em uma faixa etária entre 2 a 60 anos, de acordo com os testes clínicos. Outra boa notícia é que ela pode ser aplicada em quem já pegou o vírus.
Segundo os resultados relatados, documentou-se 90% de proteção em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% em pessoas de sete a 17 anos e 80,1% em crianças de dois a seis anos. A análise foi realizada ao longo de dois anos com cerca de 17 mil voluntários em 16 centros de pesquisa. O estudo está em fase final e será concluído em junho de 2024.
Depois dessa fase, o dossiê com todas as informações do estudo deve ser encaminhado para registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o segundo semestre de 2024. Ou seja, muito provavelmente teremos mais uma arma eficiente para lidar com os impactos causados por essa doença que tende a aumentar, uma vez que vivenciamos tempos cada vez mais quentes.