Artes/cultura
02/08/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 02/08/2024 às 10:00
Cada vez mais pessoas estão adiando o momento de ter filhos, mas isso pode levar a desafios para a concepção. Muitos casais enfrentam dificuldades para engravidar quando a mulher tem mais de 35 anos, devido à redução natural da fertilidade com a idade.
Nesse contexto, pesquisadores da University of Central Lancashire (UCLan) estão conduzindo um ensaio clínico inovador que explora o potencial da rapamicina – uma droga comumente utilizada para prevenir a rejeição de transplantes – para prolongar a fertilidade feminina.
A fertilidade feminina começa a declinar significativamente por volta dos 35 anos, devido à redução da reserva ovariana. Desde o nascimento, as mulheres têm um número finito de folículos primordiais nos ovários, que diminuem ao longo do tempo. Durante cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados, mas apenas um libera um óvulo para fertilização, enquanto os outros são degradados. À medida que a reserva ovariana diminui com a idade, a quantidade e a qualidade dos óvulos disponíveis também se reduzem, dificultando a gravidez.
Esse processo culmina na menopausa, que ocorre geralmente por volta dos 51 anos, embora possa variar amplamente entre as mulheres. A diminuição da reserva e da qualidade dos óvulos contribui para uma maior dificuldade em conceber e pode levar a problemas genéticos e dificuldades reprodutivas. Portanto, compreender o impacto da idade na fertilidade é fundamental para o planejamento reprodutivo e para o desenvolvimento de estratégias eficazes para apoiar a concepção em mulheres mais velhas.
A rapamicina é um composto bacteriano utilizado para evitar a rejeição de órgãos transplantados e tratar certas condições vasculares. Estudos prévios em camundongos mostraram que a rapamicina pode retardar o envelhecimento ovariano, aumentar a reserva de folículos primordiais e melhorar a longevidade dos animais.
Esses resultados forneceram a base para a pesquisa em humanos: um estudo piloto com 50 mulheres na perimenopausa que faz parte do ensaio clínico em andamento. O estudo mostrou que mulheres que receberam uma dose semanal de rapamicina apresentaram uma redução de 20% no envelhecimento ovariano, sem efeitos colaterais significativos. Os resultados iniciais indicam que a rapamicina pode ter o potencial de prolongar a fertilidade feminina em até cinco anos.
Embora o estudo piloto tenha mostrado resultados promissores, é necessário ampliar a pesquisa para confirmar a eficácia da rapamicina. Os pesquisadores planejam recrutar 1 mil mulheres para a próxima fase do estudo. Se os resultados iniciais forem confirmados, a rapamicina poderá se tornar uma importante ferramenta no tratamento do envelhecimento ovariano, beneficiando mulheres com baixa reserva ovariana e aquelas que desejam prolongar sua fertilidade.