Ciência
01/08/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 01/08/2024 às 14:00
A era das superbactérias pode estar chegando ao fim. Recentemente, pesquisadores desenvolveram uma nova classe de antibióticos que oferece esperança de resposta ao problema da resistência antimicrobiana, atingindo as bactérias com um ataque duplo quase impossível de combater.
Chamados de macrolídeos, os medicamentos têm como alvo dois processos bacterianos simultaneamente. De acordo com os cientistas envolvidos na pesquisa, isso faz com que seja 100 milhões de vezes mais difícil para que uma bactéria desenvolva resistência.
A resistência antimicrobiana em bactérias, parasitas e vírus é uma ameaça cada vez mais grave para a saúde humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as superbactérias foram diretamente responsáveis por 1,27 milhão de mortes no mundo inteiro em 2019 — problema este que só cresce com o passar dos anos.
As superbactérias podem escapar de muitos ou de todos os antibióticos existentes, criando uma ameaça que nos leva de volta para um tempo onde infecções menores podem ser mortais. Para resolver esse problema, cientistas têm corrido para desenvolver antibióticos novos e aprimorados, auxiliados pela tecnologia moderna.
Por isso, o novo estudo feito pela Universidade de Illinois, dos Estados Unidos, e do Instituto de Tecnologia de Pequim, na China, é tão animador. Os cientistas relatam uma classe de medicamentos chamados macrolídeos, que podem oferecer a solução que estávamos procurando.
Os macrolídeos são compostos sintéticos que reúnem dois antibióticos amplamente utilizados, cada um deles atuando em células bacterianas de ângulos diferentes. Assim, é possível impedir que as bactérias fabriquem proteínas de maneira eficiente e também impedindo que seu DNA atinja as estruturas corretas.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo sintetizaram um conjunto diferente de macrolídeos e investigou seus efeitos em bactérias. Enquanto alguns macrolídeos visavam atacar o ribossomo ou a DNA girase, um candidato se destacou: em sua menor dose efetiva, ele visava ambos os processos celulares igualmente.
“Ao atingir basicamente dois alvos na mesma concentração, a vantagem é que você torna quase impossível para as bactérias criarem facilmente uma defesa genética simples”, disse Yuri Polikanov, professor associado que chefia um dos laboratórios que conduziram o trabalho.
Alguns macrolídeos conseguiram até mesmo atingir o ribossomo de bactérias que desenvolveram uma mutação de resistência. O desenvolvimento desses compostos pode nos dar uma esperança de que em breve teremos medicamentos para combater o chamado "apocalipse dos antibióticos" antes que seja tarde demais.