Estilo de vida
17/10/2021 às 08:00•2 min de leitura
A magia do cinema vai muito além dos visuais, e a união de elenco, direção, maquiagem e outros elementos é essencial para que as grandes produções transbordem emoções. E em meio a tantas características únicas da arte audiovisual, um dos aspectos técnicos que mais se sobressai é a edição de som, função essencial para reproduzir, com fidelidade e nitidez, os barulhos dos mais diversos personagens e eventos nas telas. Mas você sabe como ela é realizada?
Em reportagem especial feita para o canal Insider, o artista de efeitos sonoros Marko A. Costanzo, do estúdio c5 Sound e responsável por participar de Era do Gelo, As Aventuras de Pi, Salt e Bravura Indômita, deu mais detalhes sobre o processo criativo de áudio, focando na sonoplastia, ou seja, na produção de efeitos complementares. Para isso, ele mostrou como os movimentos de personagens interagem com as cenas, dando exemplos práticos que podem ser vistos apenas dos bastidores.
“Nós temos que criar sons que embelezem seus movimentos”, comentou Costanzo, sobre a reprodução da cavalgada em Bravura Indômita. “Usei pedras porque dá para ouvir o som do impacto. Ao usar coco você pode ouvir aquele pequeno fogão cozinhar, mas quando eu uso uma pedra eu ouço 'bum bum bum bum'”.
(Fonte: Insider — YouTube/Reprodução)
Durante o processo de reconstrução sonora, o artista utiliza a combinação de vários itens e superfícies para criar ações particulares como passos, vozes, impactos, atritos e muitas outras. Um dos exemplos citados foi a caminhada do mamute Manny, de Era do Gelo, simulada a partir de uma seção de tronco de árvore vestida por um pequeno fragmento de tecido desgastado.
(Fonte: Insider — YouTube/Reprodução)
Enquanto isso, o solo pode variar de composição, incluindo gramas e pedaços de raízes falsos, formações irregulares, superfícies lisas, recipientes com concentração de água e muitas outras, de forma a desenvolver tons para personagens de todos os tamanhos e características anatômicas. Ao lado de papéis, brinquedos, caixas, materiais de fabricação, cartas e até aros de bicicletas, Costanzo dá vida a vários seres, algo que só se torna perceptível após eles ganharem estrutura visual.
Além de formar o cenário ideal para a criação de movimentos, o artista de sonoplastia deve apresentar habilidades vocais que consigam imitar sons de animais. Em Marley e Eu, Marko A. Costanzo teve que copiar barulhos do labrador enquanto ele se alimentava, corria pela casa, chorava e latia, considerando o crescimento do pet, que no longa-metragem passa por todos os estágios da vida e sofre com as mudanças físicas e comportamentais da velhice.
“Os sons que nós criamos leva você para a personalidade do animal. Você se torna mais próximo dele”, conclui o sonoplasta. “Você quer dar sons de personalidade ao animal e você faz isso através dos sons de movimento. Isso é o que artistas completos fazem, eles dão detalhes.”