Ciência
23/10/2021 às 11:00•2 min de leitura
Em 16 de abril de 2007, o estudante Cho Seung-hui invadiu a universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos, portando uma pistola Glock 19 e uma Walther P22, e assassinou 32 pessoas antes de cometer suicídio.
Às 11h19 de 20 de abril de 1999, os estudantes do ensino médio Eric Harris e Dylan Klebold, da Columbine High School (Colorado, EUA) entraram na escola em posse de 5 tipos de armas de fogo diferentes, e causaram a morte de 12 alunos. Eles também se suicidaram.
Adam Lanza atravessou os portões da escola primária de Sandy Hook (Connecticut, EUA) carregando um rifle Bushmaster XM12-E2S e 2 pistolas, em 14 de dezembro de 2012. Ele assassinou 26 pessoas, entre estudantes e professores, antes de se suicidar.
Esses são só alguns dos atendados que demonstram o efeito devastador que armas têm nas comunidades escolares, sem contar no que podem causar por serem carregados por civis — sobretudo jovens.
(Fonte: History/Reprodução)
Os EUA estão no topo dos países que permitem o porte de armas de fogo por civis, mas, diferente do que legislações e outras pessoas pelo mundo imaginam, os índices de criminalidade não mudaram, tampouco as pessoas se sentem mais seguras. Números do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que houve mais de 38 mil mortes por armas de fogo em 2019, das quais mais de 23 mil foram suicídios e 14 mil homicídios.
No âmbito escolar, existem leis que proíbem armas nas escolas e impõem penalidades severas para o porte delas, mantendo alunos e educadores mais seguros. Nas universidades, permitir armas no campus representa uma grave ameaça para as pessoas empregadas e para os estudantes também.
Mas no século passado a realidade era bem diferente.
(Fonte: NY Post/Reprodução)
Na Nova York do século XIX, muitas das escolas públicas de ensino médio possuíam clubes de tiro, e algumas até disponibilizavam armamento à mão dos estudantes. Havia pelo menos três campos de tiro em cada, incluindo o Curtis HS, em Staten Island, e Erasmus Hall HS, no Brooklyn.
Conforme uma matéria do New York Post, o campo de tiro que havia dentro de Far Rockaway HS, no Queens, fechou em 2011. Um arquivo em preto e branco de maio de 1929 mostra uma cabine de tiro com 5 janelas por onde os alunos posicionavam seus rifles e treinavam tiro.
"Para acomodar as crianças, eles fizeram até pequenos bancos removíveis onde eles podiam se ajoelhar para atirar daquela posição, ou até mesmo deitar", segundo Darren Leung, proprietário da Westside Rifle & Pistol Range, no Chelsea.
(Fonte: Historyapolis/Reprodução)
Os clubes de tiro eram muito populares nas escolas, mesmo que sem tiro ao alvo, e os alunos eram encorajados a portarem as armas por pais e docentes. Assim permaneceu até meados de 1969, como informou o acadêmico John Lott Jr, em seu livro The Bias Against Guns.
Era comum os alunos do ensino médio levarem suas armas para a escola no metrô pela manhã e entregá-las ao professor ou ao treinador de ginástica para que pudessem fazer suas atividades. Depois da escola, os alunos pegavam suas armas e iam embora. Tudo isso era considerado um comportamento "legal", e masculinizava os jovens, que se sentiam em posições de poder.
O porta-voz do DOE, Michael Aciman, alegou que não existe mais nenhum clube de tiro sem regulamentação nas escolas de Nova York, tampouco estandes de tiro.
Não há registros sobre os impactos do uso de armas na escola naquela época.